Elaboração de procedimentos operacionais padrão no controle de pragas

procedimentos operacionais padrão

Nos últimos vinte anos, tem sido abordado em diversos treinamentos, palestras, eventos e também entre toda a comunidade de profissionais do Controle de Pragas o tema POPs. Entretanto, na prática, observa-se uma grande minoria de profissionais que de fato tem dado a devida atenção a importância em padronizar os procedimentos, tanto da área operacional quanto dos demais setores da empresa.

Pode-se observar pela vivencia diária e atuação no mercado, que uma pequena parcela dos clientes, sendo empresas de grande porte ou multinacionais, exigem este documento ao contratar uma empresa profissional de Controle de Pragas.

Talvez este fato seja um dos fatores que fazem o profissional “empurrar com a barriga” o assunto, até que ele seja obrigado a implantar os POPs por pressão,seja por parte da fiscalização e legislação ou por parte do cliente.

Ainda nesta narrativa, pelo que se tem visto nos bastidores, a redação dos POPs acaba tornando-se um grande “copy>paste” que não necessariamente esboça a realidade do procedimento operacional da empresa. É apenas um documento que fica na gaveta e no arquivo do solicitante, que nem sequer se dá o trabalho de verificar o documento.

A RDC n 275 foi uma Resolução publicada em no Diário Oficial da União – DOU, em 06 de novembro de 2002. Esta Resolução prevê que os estabelecimentos atendam de imediato a todos os itens discriminados na Lista de Verificação de Boas Práticas de Fabricação que devem ser aplicados aos estabelecimentos produtores industrializadores de alimentos. Uma das principais motivações da publicação da resolução foi a preocupação com a garantia da produção de alimentos seguros e prevê a elaboração de Procedimentos Operacionais Padronizados.

No Controle de Pragas foi-se falar em POPs quase sete anos depois. Anteriormente, os profissionais do Controle de Pragas regiam-se pela RDC n 18 de 2000, que no ano de 2009 foi substituída pela RDC n 52 onde falou-se pela primeira vez em POPs Procedimento Operacional Padrão como sendo um documento elaborado de forma objetiva pela empresa especializada que estabelece instruções sequenciais para a realização de operações rotineiras e específicas na prestação de serviço de controle de vetores e pragas urbanas.

Nesses últimos 11 anos ainda vemos entre as empresas especializadas no Controle de Pragas, uma certa dificuldade na implantação teórica e prática dos POPs. Observam-se vários fatores que influenciam a não concretização desta prática nas empresas.

A descrição sobre a importância dos POPs está na Seção IV no Art. 13 da RDC n 52 onde lemos que todos os procedimentos de diluição e outras manipulações autorizadas para produtos saneantes desinfestantes, técnica de aplicação, utilização e manutenção de equipamentos, transporte, destinação final e outros procedimentos técnicos ou operacionais, devem estar descritos e disponíveis na forma de Procedimentos Operacionais Padronizados, inclusive com informações sobre o que fazer em caso de acidente, derrame de produtos químicos, saúde, biossegurança e saúde do trabalhador.

A grande realidade atual mostra que alguns fatores dificultam uma implantação eficaz dos POPs nas empresas. Podemos apontar um desses fatores como sendo a dificuldade que as empresas enfrentam por falta de orientação técnica adequada. Neste quesito, ainda é rotineiro, encontrarmos empresas que têm como responsável técnico um profissional que não é especializado neste setor.

Avaliando este ponto, deve-se levar em consideração o fato de que até pouco tempo, não se dispunha de matérias específicas de Controle de Pragas nas Universidades e as que possuem atualmente ainda são poucas, a nível de Brasil. Logo, se este profissional não estiver presente na empresa, participando dos eventos e cursos promovidos pelo setor, serão poucos os que realmente terão a qualificação técnica para atuar como RT (Responsável Técnico) e ainda descrever documentos importantes com a qualidade necessária.

Podemos ver também outros fatores que dificultam a implantação dos POPs nas empresas como sendo a falta de paciência e disposição de tempo e empenho do empresário em descrever cada etapa com precisão e riqueza de detalhes, sendo este um elemento crucial necessário na elaboração do POP. A participação da equipe operacional da empresa é fundamental e não somente do Responsável Técnico, pois quem está à frente da operação é quem de fato sabe falar de todos os detalhes necessários com precisão. Desta maneira, a participação de todos os colaboradores da empresa na redação do POP é que enriquecerá e tornará o documento um retrato da realidade operacional da empresa.

Ao descrever os Procedimentos Operacionais Padrão, a empresa tem muito a ganhar, mesmo que não seja perceptível em alguns casos o retorno financeiro, sabe-se que podemos considera-los como uma forma de investimento da empresa. Pensando em treinamento de colaboradores, garantindo que todos eles realizem os serviços com a mesma qualidade e segurança, este será um fator fundamental para a satisfação do cliente que certamente também resultará em indicação gerando a prospecção de novos clientes.


Rosangela Vieira Cassenote

Rosangela Vieira Cassenote

Mestre em Química, atua como Responsável Técnica em empresas de Controle de Pragas do estado de Santa Catarina participa de Cursos e Palestras do setor oficialmente desde o ano de 1998, é consultora para implantação de POPs em empresas de Controle de Vetores e Pragas Urbanas e treinamento técnico operacional para o setor.

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