Baratas, moscas e formigas: estudo aponta milhões de fungos e bactérias carregados pelos insetos; risco de doenças é alto

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Que tipo de contaminação baratas, moscas e formigas carregam nas patas, corpo, antenas e asas? Pesquisadoras da Faculdade de Biomedicina da Universidade Metrocamp/Wyden, em Campinas (SP), capturaram esses insetos e encontraram fungos e bactérias na casas dos milhões. Uma única barata chegou a apresentar 250 milhões de micro-organismos. Moscas e formigas também devem ser levadas a sério.

A contaminação apresenta risco de doenças até mesmo para pessoas saudáveis – e não só a população mais vulnerável, como idosos e crianças. E o contato não é só por meio de alimentos infectados, mas também objetos que ficam expostos, como copos, talheres e escovas de dente, por exemplo.

De acordo com a doutora em ciências de alimentos, bióloga, professora e orientadora do estudo, Rosana Siqueira, entre as complicações estão febre, diarreia, otite, micoses, vômito, dor de garganta e infecções urinária e alimentar.

“Essa quantidade é suficiente pra contaminar um alimento, uma fruta, um legume, uma carne. Você acaba ingerindo sem perceber e acaba ficando doente devido à exposição a esses insetos”, explica a orientadora.

Barata analisada em estudo em Campinas passou por banho em solução salina para verificar contaminação. (Foto: Patrícia Teixeira/G1)
Barata analisada em estudo em Campinas passou por banho em solução salina para verificar contaminação. (Foto: Patrícia Teixeira/G1)

Análise em bichos vivos

Capturados vivos em cômodos do ambiente doméstico, 40 bichos – 11 baratas, 14 moscas (as que sobrevoam alimentos e as menores que ficam em locais úmidos) e 15 formigas – passaram por um banho em solução salina e o líquido foi analisado em diferentes meios de cultura.

“Pegamos dentro de casa e no quintal. Banheiro, cozinha, em fezes de cachorro, quarto. Sem esmagar os bichos e sem inseticida, porque interferia no resultado”, afirma Rayanne Koeler, aluna da graduação que fez a análise dos insetos como trabalho de conclusão do curso.

A captura dos bichos foi difícil, começou em janeiro e foi concluída com a análise das últimas amostras, em julho. Frascos esterilizados foram usados para reter os insetos.

“De todos os micro-organismos, todos podem ser considerados potencialmente perigosos”, explica Rosana.

Amostras de insetos foram analisadas em laboratório de universidade de Campinas e apontaram alta contaminação. (Foto: Patrícia Teixeira/G1)
Amostras de insetos foram analisadas em laboratório de universidade de Campinas e apontaram alta contaminação. (Foto: Patrícia Teixeira/G1)

Tipos variados

Nas baratas, as pesquisadoras encontraram Salmonella, Escherichia coli, Klebsiella, Shigella, Psedomonas aeruginosa, Acinetobacter, Enterobacter aerogenes, além dos fungos Candida albicans e Rhodotorula.

Nas moscas a contaminação chegou a 72 milhões, com Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Klebsiella, Acinetobacter e Klebsiella e fungos como Aspergillus, Candida Rhodotorula.

No grupo formigas a contagem de micro-organismos chegou a 13 milhões. Foram identificadas Pseudomonas aeruginosa, Streptococcus, Staphylococcus aureus, Klebsiella além de leveduras como Cândida Rhodotorula.

“O que mais me chamou a atenção foram as formigas, pois elas são insetos muito pequenos e em quatro formigas foram encontrados 13 milhões de micro-organismos”, diz Rayanne.

Amostras de insetos analisados em estudo de universidade de Campinas apontaram contaminação por fungos e bactérias em baratas, moscas e formigas. (Foto: Patrícia Teixeira/G1)
Amostras de insetos analisados em estudo de universidade de Campinas apontaram contaminação por fungos e bactérias em baratas, moscas e formigas. (Foto: Patrícia Teixeira/G1)

Salmonella, Escherichia coli Staphylococcus aureus foram os micro-organismos que mais chamaram a atenção das pesquisadoras por serem capazes de provocar infecção alimentar mesmo em pessoas saudáveis.

Os demais fungos e bactérias têm comportamento oportunista, se aproveitam da baixa imunidade das pessoas.

“Tem uma formiga na sua comida, não é só tirar e continuar comendo. Tem que descartar porque possui bactérias e fungos. E limpar, higienizar o local por onde passa o inseto”, diz a aluna.

Barata analisada em estudo que verificou contaminação por fungos e bactérias em insetos, em universidade de Campinas. (Foto: Patrícia Teixeira/G1)
Barata analisada em estudo que verificou contaminação por fungos e bactérias em insetos, em universidade de Campinas. (Foto: Patrícia Teixeira/G1)

Como reduzir risco

Rosana explica que, além da atração dos insetos pelo lixo, embalagens de alimentos abertas ou furadas, farelos que ficam pela casa e até resto de pasta de dente que cai na pia podem atrair esses tipos de insetos.

“É importante ressaltar que eles não estão só na cozinha. Podem ir para outros ambientes, banheiro, seu quarto, a gaveta onde você guarda peças íntimas, o seu produto de higiene”, afirma Rosana.

O cuidado com as baratas é ainda maior, pois são muito resistentes e vivem dias sem comida e água, segundo o estudo.

Baratas, moscas e formigas foram analisadas em estudo realizado por universidade de Campinas. (Foto: Patrícia Teixeira/G1)
Baratas, moscas e formigas foram analisadas em estudo realizado por universidade de Campinas. (Foto: Patrícia Teixeira/G1)
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