Casos de dengue aumentam 221% no primeiro bimestre de 2019

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Há dois meses, agentes da Vigilância Ambiental e integrantes do Corpo de Bombeiros vêm fazendo ações contra o Aedes aegypti em cidades do DF (foto: Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press )

Os casos de dengue deram um salto no Distrito Federal e um morador da Asa Sul morreu com sintomas da doença. O número de pacientes infectados de 1º de janeiro a 16 de fevereiro subiu 221,7% em relação ao mesmo período de 2018. De acordo com o mais recente boletim epidemiológico, 1.142 pessoas foram diagnosticadas com a infecção em 2019, contra 355 no mesmo período do ano passado.

Até 16 de fevereiro, três pessoas morreram por causa de dengue na capital, em 2019. Não houve caso fatal nesse mesmo período de 2018. A Secretaria de Saúde apura se o produtor cultural Diogo Gama, 37 anos, que morreu em casa no último sábado, foi vítima da enfermidade. Caso seja constada a dengue como causa, esta será a quarta morte por causa da doença nos primeiros dois meses do ano.

Diogo morava na Asa Sul com a mulher e três filhos. Ele estava em casa, com febre, mas achou que se tratava de uma simples gripe, por isso não procurou um médico. O quandro dele piorou de forma aguda, sem tempo dele ir a uma unidade de saúde. Por meio de nota oficial, a Secretaria de Saúde afirmou não ter mais detalhes sobre o caso. O resultado do exame deve sair ainda esta semana.

Nas redes sociais, amigos e familiares de Diogo lamentaram a morte dele. “Beijos, meu amor. Curta essa festa de amor aí de cima. Apareça nos meus sonhos. Vou pensar todos os dias em você. Te amo”, escreveu a mulher dele, Gracilene Bessa, em sua página no Facebook. O produtor cultural foi velado e sepultado na segunda-feira, no Cemitério Campo da Esperança.

Preocupação

Em seu mais recente boletim epidemiológico, a Secretaria de Saúde frisou que a situação do aumento dos casos no DF é preocupante, pois o crescimento da doença só se dá no fim do verão ou no início do outono — entre março e junho.  Na Asa Sul, por exemplo, o número de pessoas infectadas saltou 650% no início deste ano, passando de dois para 15 casos, comparado a 2018.

O relatório também destaca que os casos na região central de Brasília, que quase não apresentavam registros da doença, mostram crescimento atípico. No período de avaliação, o número de casos no Cruzeiro subiu 700%, de um para oito ocorrências. Na Asa Norte, o aumento foi de 650%, subindo de dois para 15 pacientes nas unidades de saúde da região administrativa.

Os registros cresceram mais nas Asas Sul e Norte, nos lagos Sul e Norte, no Sudoeste, no Cruzeiro e no Varjão. Juntas, essas regiões contabilizaram um aumento de 263,1%, passando de 19 para 69 casos. Por causa desse aumento, as unidades hospitalares devem reforçar e capacitar as equipes para que elas consigam fazer o reconhecimento da enfermidade para que os pacientes recebam assistência necessária, alertou a Secretaria de Saúde.

Precauções

O infectologista Werciley Júnior, chefe de Comissão de Controle de Infecção do Hospital Santa Lúcia, explica que a dengue é uma doença virosa, transmitida por um inseto e que precisa de cuidados específicos para que o quadro não se agrave. De acordo com ele, após a picada do mosquito (Aedes aegypti) contaminado, a doença demora de cinco a oito dias para se manifestar.

“Os sintomas mais comuns são febres, dores no corpo e de cabeça, principalmente acima dos olhos. Uma das características é de que no momento da febre os sintomas se intensificam”, observa. Segundo Werciley, é primordial procurar um médico. “O tratamento específico para dengue é a hidratação. Não se pode tomar qualquer remédio, porque existem aqueles que têm ação nas plaquetas e podem facilitar o sangramento, complicando a doença”, alerta.

Em casos mais graves, o paciente pode ficar internado. Werciley explica que existem quatro tipos de dengue, que variam de intensidade. Os mais graves provocam sangramentos e os sinais dela são manchas vermelhas pelo corpo ou sinais de sangue na gengiva e olhos. Esse tipo é conhecido como dengue hemorrágica. Nesses casos, o tratamento continua o mesmo, mas pode ser necessária internação, porque o paciente pode precisar de hidratação venosa.

Sobre o aumento de registros no DF, o especialista afirma que a doença segue o curso natural. De acordo com ele, geralmente a dengue tem períodos de trégua por dois anos e volta com intensidade no terceiro. Somado a isso, o tempo chuvoso no Distrito Federal, mais intenso desde novembro, contribuiu para esse salto nos números. “Como prevenção, o ideal é realizar o diagnóstico precoce e seguir as campanhas de conscientização, como evitar água acumulada e não tomar remédios sem prescrição médica”, destaca.

Alerta

1.142 Pessoas infectadas até 16 de fevereiro

3 Pacientes morreram Vítimas de dengue em 2019

Força-tarefa

Há dois meses, o Governo do Distrito Federal anunciou uma força-tarefa de combate à dengue, por meio do programa SOS Saúde. Os trabalhos contam com 360 agentes da Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde, 400 bombeiros e servidores do SLU, 60 caminhonetes do Ministério da Saúde e 17 do DF, além de equipes da Novacap, Secretarias de Segurança, de Comunicação e Educação, Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), Casa Civil, administrações regionais e Agefis.

A ação de combate à dengue e outras arboviroses (doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, como zika vírus, chikungunya e febre amarela) começou pelas regiões consideradas prioritárias.

São elas: São Sebastião, Paranoá, Itapoã, Planaltina, Samambaia, Estrutural, Recanto das Emas, Lago Norte, Lago Sul e Candagolândia.

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