Controle do mosquito Aedes aegypti no Brasil ainda é incipiente – Histórico da presença do vetor no país

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Isis Breves

Jornalista – comunicação institucional, comunicação em saúde, comunicação interna. Amo o que faço?

Nesta semana, o Portal Pragas & Eventos dará início a uma série de matérias com uma análise detalhada sobre o Plano Nacional de Combate ao Dengue (PNCD), com a contribuição do Médico Veterinário Ricardo Soares Matias, Perito Legal, Consultor em Gerenciamento de Sinantrópicos, credenciado pela Aliança Internacional de HACCP (APPCC), Instrutor SENAR-RS e SESCOOP RS, SC e PR e especialista em Atenção Primária de Saúde/Saúde Comunitária.

A primeira matéria será dedicada a um resumo histórico da presença do vetor no país. O mosquito transmissor da Dengue é o vetor Aedes aegypti, que transmite não só a  dengue mas também demais doenças de grave problema de saúde pública: zika, chikungunya e febre amarela. Segundo o médico veterinário Matias, o programa do governo deveria ser denominado não como sendo “Plano Nacional de Combate ao Dengue”, mas sim de combate ao vetor. “O vetor da dengue, é vetor de importantes doenças de saúde pública, além da dengue, como a zika, chikungunya, febre amarela e também há a possibilidade de transmitir também o vírus Mayaro, que segundo a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), já estaria circulando”.

Matias fala do histórico da presença do mosquito Aedes aegypti no Brasil. “O Aedes aegypti é originário do Egito, na África e vem se espalhando pelas regiões tropicais e subtropicais como o Brasil, desde o século 16.

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Aedes vem do grego e significa odioso, desagradável e aegypti vem do latim e significa Egito. As pesquisas apontam que o vetor chegou ao país no período colonial. O Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz aponta em suas pesquisas que o Aedes aegypti foi descrito cientificamente pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti. O nome definitivo Aedes aegypti veio em 1818, após a descrição do gênero Aedes”, explica.

Em território nacional, desde o início do século 20, o mosquito sempre foi considerado um problema. “O Aedes aegypti é considerado um problema desde sua circulação no século 20, quando na época a principal preocupação era a transmissão da febre amarela”, fala Matias.

Porém, não demorou muito para o mosquito voltar e se espalhar pelo extenso território brasileiro. Em meados dos anos de 1980, o Aedes aegypti foi reintroduzido no país, por meio de espécies que vieram principalmente de Cingapura.

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Matias mostra dados das pesquisas sobre os primeiro casos de dengue no Brasil. “O primeiro caso notificado da doença no Brasil foi em 1685, no Recife (PE). Em 1692, Salvador (BA) vive uma epidemia da doença que provocou duas mil mortes. Reaparecendo na mesma cidade baiana em um novo surto em 1792. Em 1846, o Rio de Janeiro vivencia sua primeira epidemia de dengue, que atingiu também as cidades de São Paulo e Salvador”, conta.

Nos anos de 1851 e 1853, São Paulo é atingido por uma grave epidemia de dengue que teve reincidência em 1916. Em 1923, Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, enfrenta a epidemia da doença na cidade.

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“Quando começou a disparar as primeiras epidemias de dengue no Brasil, em 1903, Oswaldo Cruz, então Diretor Geral da Saúde Pública, implantou um programa de combate ao mosquito que alcançou seu auge em 1909. E, acreditem, em 1957, anunciou-se que a dengue estava erradicada no Brasil, embora os casos continuassem ocorrendo até 1982, quando uma epidemia em Roraima”, explica Matias.

Em 1986, foram registradas epidemias nos Estados do Rio de Janeiro, Alagoas e Ceará. Nos anos seguintes outros estados brasileiros foram afetados. Em 2006, o número de casos de dengue voltou a crescer no país. Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), no período entre janeiro a setembro de 2006, foram registrados 263.890 casos de dengue. Um crescimento de 26,3% em relação ao mesmo período em 2005. A região com maior incidência foi a sudeste.

Isto sem falar na febre amarela. Nossa sorte é que não temos, ainda, febre amarela urbano, porque se viermos a ter será um caos uma vez que praticamente todos nossos municípios tem tido criadouros de Aedes aegypti.

“A Revista Science de agosto de 2018 publicou um artigo de autoria de pesquisadores da Fiocruz, no Rio de Janeiro  e da Universidade de Oxford, no Reino Unido, o qual aponta no período de 2016 a 2018, que o Brasil sofreu a maior epidemia de febre amarela dos últimos 100 anos. Da transmissão silvestre, que é a menos grave do que a transmissão urbana”, fala Matias.

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O Aedes aegypti chegou no período colonial e persiste até hoje no país e causando graves problemas de saúde. Essa primeira matéria foi feito um breve resumo da trajetória do mosquito no país.

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