Crises climáticas e os riscos de transmissão da Malária

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As crises climáticas podem prover diversos cenários no âmbito da transmissão de malária, já que as mudanças ambientais tão rápidas e drásticas poderão ampliar não só a faixa de ocorrência dos vetores, como também colapsar os sistemas de controle e a doença se espalhar.

Por exemplo, os vetores de malária têm limitações até a altitude de 1.500m. Com o aumento da temperatura global esses vetores poderão colonizar mais ambientes que antes eram impedidos por baixas temperaturas. Novas possibilidades de ocupar nichos ecológicos e fontes alimentares favorecem o aumento e a expansão de suas populações. Consequentemente, os plasmódios causadores da malária podem ir junto com esses mosquitos e deflagar epidemias.

Além disso, a forma drástica com que muitos ciclones tropicais, furacões e inundações acontecem em respostas às rápidas variações do tempo, estes podem colapsar os sistemas de controle existentes que passam a ter áreas mais vastas para atuação e que podem não ter capacidade para operacionalizar, deixando comunidades humanas à mercê dos mosquitos que rapidamente se beneficiarão com novos habitats criados e assim permitir aumentar a transmissão de malária.

Aqui no Brasil, apesar de todos os problemas existentes, ainda temos um programa público de controle da malária que realiza o controle da doença em melhor qualidade do que muitos países. Toda a cadeia de controle, seja de vetores ou seja de tratamento, é gratuita. O Ministério da Saúde é garantidor de inseticidas, mosquiteiros impregnados e medicamentos antimaláricos para todos os Estados e municípios, sendo a maioria destinados para zona endêmica. Além disso, também garantem a oferta de equipamentos para borrifação, diagnóstico e transporte das equipes. Já os municípios são responsáveis pela complementação de equipamentos e de outros insumos para garantir a execução dos programas municipais de controle da malária, que se materializam com os atendimentos à população com a borrifação residual intradomiciliar, a doação e instalação de mosquiteiros impregnados, e o acesso ao diagnóstico e tratamento nos laboratórios e unidades de saúde para os casos positivos.

Entretanto, há diversos problemas relacionados à gestão dos recursos recebidos além da efetiva execução desses programas, pois em muitas prefeituras faltam profissionais para atender às ações preconizadas no Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária, tais como os agentes de endemias, os microscopistas, enfermeiros e médicos. A falta desses profissionais fragiliza as ações de controle e permite que a doença continue sendo uma endemia de difícil controle e um obstáculo para o desenvolvimento local. A população pode certamente colaborar adotando práticas individuais e coletivas que possam promover a saúde. Por exemplo, evitar se expor nos locais em horários de picos dos mosquitos (entre 18h e 6h). Usar repelentes e reaplicá-los a cada 2 horas. Usar roupas longas e de cores claras para ajudar a afastar os mosquitos. Permitir a borrifação residual em suas casas. Construir casas afastadas dos criadouros dos mosquitos e com melhor qualidade evitando frestas e instalando telas em portas e janelas. Usar mosquiteiros impregnados durante todas as noites. Buscar diagnóstico para malária assim que sentirem os sintomas: febre, dores no corpo, vômito, diarreia, calafrios, dor de cabeça, vertigem. Tomar os medicamentos antimaláricos seguindo rigorosamente a prescrição, quantidades e intervalos de medicamentos. Buscar realizar a lâmina de verificação de cura – LVC após terminar o tratamento.

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