Métodos Não Químicos e Não Letais de Combate Aos Ratos – Tudo Sobre Ratos Parte 7

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Tudo Sobre Ratos Parte 7 - Pragas e Eventos

Redução da Imigração e Exclusão

A exclusão de ratos de um local de risco pode tomar várias formas e pode ser local (p. ex. proteção de uma árvore) ou uma barreira para impedir a entrada em grandes áreas (p.ex. cerca elétrica). A característica essencial da exclusão e que deve ser tomada são as habilidades físicas e biológicas dos ratos.

Assim o rato de telhado é melhor escalador que a ratazana e desta forma mais difícil de excluir de edificações com aberturas altas. Entretanto a ratazana regularmente escava 30cm abaixo do solo, mas pode ir mais fundo, por isto as fundações ou outras barreiras devem levar em consideração isto e ser construído a pelo menos 45cm de profundidade.

a) Medidas à prova de ratos

OBJETO CATEGORIA
Dente de rato 5,5
Ferro 4,0
Cobre 2,5 – 3,0
Alumínio 2,0
Chumbo 1,5

l Materiais devem ser à prova de roeduras (bloco de concreto, folhas de metal, de preferência aço galvanizado, malhas finas de metal). Materiais que sejam mais fortes que os dentes dos ratos segundo a escala MOR  l Aberturas devem ter 6mm no máximo  l Protetores de escalada devem ser suficientemente altas e acima dos canos de esgoto para prevenir de ratos pular e largo para evitar deles escalarem.  l Armadilhas para prevenir acesso através de drenos e esgotos.  l As portas devem permanecer fechadas e livre de entulhos.

b) Métodos de barreiras Barreiras de metal de 90cm ao redor do que se quer pode ser um meio de impedir ratos escalarem. Apesar de ser caro pode ser útil e ter uma relação custo/benefício importante.
Muitas espécies de ratos são pouco dispostas a atravessar áreas abertas como estradas e é bem conhecido que infestações de ratos podem ser desencorajadas se um cordão sanitário de terra sem vegetação e qualquer tipo de abrigo ao redor da construção.

c) Barreiras elétricas não letais São mais eficazes que barreiras elétricas letais pois oferece menos risco e o primeiro rato que leva o choque letal causa um curto circuito cortando a corrente.

d) Alimento de exclusão É colocar outra fonte alimentar para evitar prejuízos a determinado recurso alimentar mais caro. Raticidas de qualidade.

e) Dispositivo ultra-som e eletromagnético O sentido de audição dos ratos se estende bem a uma gama de ultra-sons (isto é, acima de 20khz), por exemplo na ratazana é acima de 100khz com a maioria das respostas ao redor de 40khz e para o camundongo acima de 90khz.

Entretanto Meehan (1984) e Lund (1988) revisaram diversos equipamentos concluindo que nenhum deles é eficaz em função de:  l Sons de alta frequência não se refletem ao redor de objetos sólidos;  l Ultra-sons são rapidamente absorvidos por material sólido;  l Intensidades de ultra-som podem ser prejudiciais ao homem;  l A aversão inicial por ratos e camundongos é rapidamente aceita;  l Restrito a áreas fechadas;  l Até o momento não se compara aos métodos convencionais e mais baratos.

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f) Repelentes químicos Até o momento não se conhece um repelente que também não seja tóxico. Pesquisadores tem sido atraídos pela idéia do uso de feromônio.

Em teoria tais químicos podem proteger grandes áreas usando pequeno número de moléculas de um feromônio. Na prática, manipulação comportamental é eficaz somente se o animal puder escolher uma alternativa mais atraente que o que ele está acostumado.

2. EMIGRAÇÃO Métodos para reduzir a densidade populacional a níveis aceitáveis para persuadir ratos a emigrarem se justapões a alguns métodos descritos acima o que previne ou reduz a imigração.

Animais emigram por uma série de razões:              l para encontrar comida              l para encontrar um companheiro ou um lugar para se reproduzir              l para evitar inimigos naturais              l para encontrar um ambiente melhor Ratos podem se sentir desconfortáveis pela remoção de comida, água, abrigos, limpeza, organização do ambiente.
Existem poucas medidas físicas que podem causar emigração, por exemplo inundação de tocas. Entretanto uma infestação residente na prática, é mais facilmente tratada usando um método letal.

3. REDUÇÃO DAS TAXAS DE NASCIMENTO

a) Remoção das oportunidades de fazer ninhos Práticas de limpeza podem reduzir a imigração e também remove as oportunidades de fazer ninhos, ou pelo menos tornar menos atrativo a possibilidade de faze-los.
Por exemplo, locais de criação de animais com sistema de aclimatação diminuindo a perda de calor fornece excelentes locais para ninhos de ratos, a menos que estas construções sejam feitas à prova de entrada de ratos.

b) Inibidores da reprodução Inibidores químicos tem como alvo machos ou fêmeas. Sua aplicação é via oral e o problema é conseguir fazer os animais consumirem em grande quantidade da mesma forma que se faz com o controle químico.

Esteroides estrogênicos foram testados seguindo o que foi feito com anticoncepcionais humanos. Trabalhos de campo com ratazanas foram feitos usando um estrógeno sintético (BDH 10131) com resultados promissores pois uma simples exposição à isca causou infertilidade em fêmeas por quase um ano. Entretanto teve problemas de palatabilidade e os custos foram muito altos.

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O uso de gametócitos (esterilizante para ratos machos) tem sido usado desde 1961 e o único a ser comercializado é o alfaclorohidrin (Epibloc). O problema com esterilização de machos é que em espécies poligênicas um grande número de machos deverá ser tratado. Em altas dose pode causar 50% de mortalidade. O uso de produtos humanos tem sido usado, mas foi rejeitado por questão de segurança.

Alfa clorohidrin é um rodenticida que não é geralmente aprovado em alguns países. Ele tem alto poder para bioconcentração, moderadamente tóxico para mamíferos, irritante ocular e com ação neurotóxica. É altamente solúvel em água e volátil mas há pouca informação sobre sua persistência ambiental. É altamente tóxico para pássaros e pouco para peixes.

Em baixas doses atua na imobilização dos espermatozoides e em altas doses atrofia os túbulos seminíferos de ratos, principalmente em ratazanas.

É um produto a ser misturado em alimentos para ser dado para ratos
Vinte ratos albinos machos adultos foram divididos em um grupo controle de 10 ratos e outros dois grupos experimentais (grupos 2 e 3) de 10 ratos, cinco em cada grupo experimental.
Os ratos experimentais receberam α-cloridrina (ACH) numa dose oral única de 100 mg/kg de peso corporal. Após 6 h (grupo 2) e 24 h (grupo 3) de tratamento com ACH, os espécimes foram submetidos à avaliação.

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Os dois grupos não apresentaram diferenças significativas na obstrução da infertilidade

  1. Esterilizante tóxico;
  2. Lesões no epidídimo, mas continua cobrindo as fêmeas;
  3. Tóxico agudo;
  4. Atua em qualquer idade reprodutiva;
  5. Algumas espécies de mamíferos ficaram estéreis temporariamente com doses não letais (hamster, porquinho da Índia, suínos, ovinos, macaco Rhesus);
  6. Fêmeas são imunes à esterilização;

7. Dose de 90 – 100 mg/kg produz esterilização permanente; 8. DL50 = 150 – 160 mg/kg; 9. 80 a 95% dos adultos sobreviventes ficaram estéreis atuando como deterrentes da população; 10. Iniciou como um potente contraceptivo humano e terminou como uma vasectomia química para ratos.

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c) O uso do nematóide trichuridae Capillaria hepatica

  1. Nematodo Trichuridae
  2. Parasita fígado de ratazana, camundongo, rato do telhado, gatos, suínos, coelhos, lebres, cavalos, bovinos, primatas não humanos.
  3. No homem é menos frequente e é fatal;
  4. Macho mede 25 mm e a fêmea 52 a 105 mm;
  5. As fêmeas vivem no fígado onde poem ovos e estes só são liberados ao ambiente após a morte do hospedeiro e decomposição do fígado ou quando o hospedeiro é predado e após ser digerido no trato digestivo são eliminados com as fezes. No ambiente com a presença do oxigênio se tornam infectantes em 30 dias;
  6. Há produção de anticorpos e a morte ocorre em dose maciça;
  7. É parasita normalmente encontrado em ratos.
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d) Salmonelas O uso de salmonelas como a enteritidis causadora de gastroenterite no controle de ratos foi pesquisado por Kitasato no Japão, no final do século XIX chegando a ser amplamente utilizada na Europa na primeira metade do século XX.

Com o surgimento dos raticidas warfarínicos pelos Estados Unidos, o emprego das salmonelas caiu em desuso, mas a União soviética e Cuba continuaram privilegiando seu uso.

Um produto cubano tentou, sem sucesso, há uns 10 ou 15 anos atrás, obter, registro de um raticida à base de salmonela. Nessa tentativa chegaram a fazer alguns ensaios em Niterói/RJ em acordo com a Prefeitura local.

A utilização de bactérias patógenas ao roedor como, por exemplo, o uso de produtos raticidas à base de Salmonella enteritidis foi proibido nos Estados Unidos em 1920, na Alemanha em 1930 e no Reino Unido em 1960, pois presume-se que todas as cepas de Salmonella enteritidis são patogênicas ao homem; no Brasil, seu uso não é permitido.

O risco deste uso é a não especificidade parasitária que a engenharia genética poderá resolver esta situação. O problema é que esta especificidade reduz o valor comercial e aumenta os custos de produção.

O desenvolvimento de patógenos que não seja específico para ratos mas que não cause problemas para outras espécies pode ser o ideal. Por exemplo um que atue no estômago causando vômitos em espécies não alvos pode ser viável pois os ratos não sabem vomitar.


e) Controle biológico (predadores) O uso de predadores requer certos cuidados.
Exemplos de introdução deliberada de predadores vertebrados tem dado resultados em que o predador se torna praga causando efeitos adversos na fauna local.

Um dos problemas é que é que o tempo de suas gerações é bem maior que de sua presa e assim a resposta numérica da população predadora é insuficiente para manter, com rapidez, mudanças na população de presa.

Predadores não são específicos se alimentando de uma variedade de espécies deslocando sua atenção para aquela mais abundante e de captura mais fácil. Espécies predadoras capazes de responder a variações de número de presas são melhores no controle biológico. Por esta razão aves respondem melhor que mamíferos.


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