DF usa drone para identificar focos de Aedes aegypti em hotel abandonado

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Em busca de focos do mosquito Aedes aegypti, um drone sobrevoou o hotel abandonado Torre Palace, no centro de Brasília, na tarde desta quinta-feira (1º). Equipes de vários órgãos ligados ao governo do Distrito Federal montaram uma força-tarefa para eliminar possíveis criadouros no prédio, vazio desde 2016 (relembre abaixo).

A ação foi coordenada pela Diretora de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde. Além da detecção do Aedes – mosquito que transmite a dengue, a febre chikungunya e o vírus da zika –, equipes da Defesa Civil aproveitaram para conferir as condições estruturais da construção.

Na análise da estrutura, o Torre Palace passou no teste. Mas, segundo a Secretaria de Saúde, o drone operado pelo Corpo de Bombeiros detectou “acúmulos de água na cobertura e no último andar” do prédio.

Segundo a pasta, um relatório com esses dados servirá para orientar as operações de limpeza no local. Não há prazo para que isso aconteça, nem uma definição clara de como será a operação no prédio.

Ainda segundo a secretaria, essa vistoria aérea por drones deve se repetir em outros imóveis fechados. Em 2015, durante uma epidemia de dengue, o governo do DF chegou a obter um alvará para forçar a entrada em casas e prédios abandonados que reuniam condições para a proliferação do Aedes aegypti.

Segundo o diretor da Vigilância Ambiental, Denilson Magalhães, o Torre Palace recebe vistorias e operações periódicas, como o fumacê. Apesar disso, por ter janelas quebradas e vãos nas fachadas, o prédio é vulnerável ao acúmulo de água e à proliferação de animais urbanos.

Hotel em conflito

O Torre Palace já foi considerado um dos melhores hotéis da capital federal, mas foi abandonado e ocupado por famílias ligadas ao movimento sem teto. Em junho de 2016, o GDF fez uma megaoperação de desocupação que custou R$ 802,94 mil.

O dinheiro seria cobrado dos proprietários do hotel, na Justiça. No entanto, passados 1 ano e 7 meses, ainda não há uma solução para o que sobrou da construção. Um imbróglio burocrático faz com que o imóvel permaneça em um “limbo jurídico”, sem sequer poder ser demolido.

A disputa interna em torno do Torre Palace começou no início dos anos 2000. Com a morte do empresário libanês Jibran El-Hadj, a esposa e os seis filhos herdaram o patrimônio, avaliado à época em R$ 200 milhões. Eles acabaram entrando em desacordo sobre os rumos do estabelecimento.

O hotel Torre Palace, localizado em ponto central de Brasília (Foto:  Renato Araújo/Agência Brasília)O hotel Torre Palace, localizado em ponto central de Brasília (Foto:  Renato Araújo/Agência Brasília)

O hotel Torre Palace, localizado em ponto central de Brasília (Foto: Renato Araújo/Agência Brasília)

Em 2007, três filhos do empresário saíram da sociedade e entraram na Justiça pedindo parte da herança, com valor estimado de R$ 51 milhões. O valor sairia da venda do Torre Palace para uma construtora. A empresa adiantou R$ 17 milhões para os herdeiros que mantiveram a sociedade. Contudo, antes da venda do prédio, a Justiça já havia penhorado o imóvel.

Com 14 andares e 140 apartamentos, o Torre Palace foi inaugurado em 1973 e funcionou por 40 anos em um dos pontos mais valorizados da cidade.

Antigo hotel Torre Palace com grupo de invasores durante ação de reintegração de posse, em imagem de arquivo (Foto: José Cruz/Agência Brasília)Antigo hotel Torre Palace com grupo de invasores durante ação de reintegração de posse, em imagem de arquivo (Foto: José Cruz/Agência Brasília)

Antigo hotel Torre Palace com grupo de invasores durante ação de reintegração de posse, em imagem de arquivo (Foto: José Cruz/Agência Brasília)

As janelas do edifício têm uma vista privilegiada do Congresso Nacional, da Esplanada dos Ministérios, da Catedral Metropolitana, do Museu da República, da Torre de TV e do estádio Mané Garrincha, todos instalados no Eixo Monumental.

Ao ser desativado pelos donos em 2013, o Torre Palace acabou se transformando em ponto de uso de drogas e convivência de moradores de rua. Dentro do hotel, a destruição e o abandono tomaram conta dos espaços. No entanto, segundo corretores e representantes imobiliários ouvidos pelo G1, o lote onde persistem as ruínas pode valer até R$ 45 milhões.

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