Escorpiões amarelos ‘fogem’ de cemitério e assustam moradores

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Foto: Emanue Marque da Silva/AEN

Moradores do bairro Jaqueline, na região norte de Belo Horizonte, estão assustados com a aparição de dezenas de escorpiões-amarelos nas últimas semanas. Eles alegam que os aracnídeos chegaram às casas “fugidos” do cemitério da região, fato negado pela administradora do local.

A infestação acontece simultaneamente à curiosa aparição de aranhas “gigantes” no bairro Buritis, na outra ponta da cidade, região oeste.

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Segundo os moradores do Jaqueline, os escorpiões começaram a aparecer por conta de queimadas nas proximidades do Bosque da Esperança. Eles destacaram também o aumento do fluxo de enterros devido à pandemia da covid-19.

Uma das pessoas surpreendidas pela “aparição”, Maricelle Menezes, de 42 anos, contou que nos últimos dias encontrou oito exemplares de escorpião em sua casa.

“Achei um na área de serviço. Depois, minha irmã foi colocar a mão na porta e viu outro, em dias diferentes. Meu marido achou no mínimo uns cinco. Ficamos com medo e falaram que era para a gente ligar na Zoonoses”, relatou.

Moradores especulam causa

Bárbara Barbosa dos Santos, de 29 anos, afirmou que diversos moradores presenciam diariamente os animais vindos do cemitério do bairro.

Ela detalhou ainda que as queimadas nos arredores do terreno são frequentes, o que obriga a migração dos animais para as residências.

“O problema ali no cemitério sempre foram as queimadas. O muro é vazado e o trânsito de bichos é grande. A gente ouve falar que há acúmulo de lixo, mas, se tem lixo, a obrigação deles é resolver”, argumentou.

No ano passado, Maria Ferreira, de 76 anos, foi picada pelo animal no banheiro. Ela disse que a mão e o braço ficaram inchados. “Fui levada para o hospital na hora. Quando peguei a toalha, ele já estava na parede e fui picada”, contou.

Cemitério rebate especulações

Em nota, o diretor do Bosque da Esperança, Ricardo Ribeiro, negou as alegações dos moradores que, segundo ele, são apenas especulações. Ele disse, ainda, que o problema não tem a ver com o local, que é dedetizado quinzenalmente.

“Como alguém pode afirmar que o escorpião saiu do Bosque? A população ali ao redor deveria apoiar e valorizar o local, que tem área verde e preserva a fauna”, afirmou o comunicado.

Lixo e queimadas

O diretor também afirmou que, muitas vezes, a sujeira que atrai os bichos é jogada pelos próprios moradores. “As informações não procedem. Os vizinhos jogam pedaços de sofá, televisão velha. Já tiramos quatro carretas de lixo somente em março”, informou.

Sobre especulações de queimadas, que teriam “empurrado” os bichos para as casas, Ribeiro também negou que pessoas ligadas ao cemitério sejam responsáveis. “É feita por vizinhos que jogam fogo no nosso terreno”, completou.

Prefeitura ciente

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou ao UOL, por meio de nota, que uma equipe de controle de zoonoses seria acionada para realizar uma vistoria na área do cemitério e adjacências, mas que a pasta de Saúde não recebeu ainda nenhuma demanda formal sobre escorpiões no bairro Jaqueline.

De acordo com informações do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, referência na cidade em acidentes com animais peçonhentos, foram cerca de 430 atendimentos causados pelo animal até abril de 2021. Em 2020, no último balanço, foram 1.717 casos, com três mortes causadas pelo escorpião-amarelo.

A espécie ‘amarela’

O Tityus serrulatus, conhecido popularmente como escorpião-amarelo, é um escorpião típico do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil. Esta é a principal espécie que causa acidentes graves e óbitos, principalmente em crianças. Apesar de possuir as pernas e a cauda amarelo-clara, seu tronco é escuro.

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