Ministério da Saúde diz que 85% dos casos de dengue são do tipo mais grave da doença

POR THAÍSA OLIVEIRA (thaisa.oliveira@cbn.com.br) 

De cada 100 casos de dengue no país analisadas pelo Ministério da Saúde, 85 são do tipo mais grave da doença, causada pelo sorotipo 2. O sorotipo não circulava de forma intensa desde 2008 e boa parte da população nunca entrou em contato com o vírus. Essa é a principal explicação do governo federal para o aumento de 264% no número de casos registrados em 2019, na comparação com o mesmo período do ano passado. E também para a alta de 67% no índice de mortes. A circulação do vírus colocou o Distrito Federal e outros 8 estados em alerta: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso do Sul e Tocantins. O médico epidemiologista Pedro Luiz Tauil explica que existem 4 sorotipos da dengue e que o que está em circulação no país é considerado o mais letal:

“Uma pessoa pode ter dengue quatro vezes na vida. Os tipos de dengue exigem imunidades diferente e possuem gravidades diferentes. O mais grave é o 2. Quando ele entrou no país, encontrou uma massa de gente suscetível.”

A publicitária Lúcia Araújo perdeu o pai no mês passado. João Martins de Araújo tinha 71 anos. Ele começou a passar numa sexta-feira à noite e morreu no domingo: 

“Meu pai nunca teve dengue. Foi uma dengue diferente, uma dengue devastadora. A gente não acreditou. Meu pai era uma pessoa extremamente saudável, não aparentava a idade que tinha, era ativo. Foi devastador para a família porque a gente achava que a dengue não agiria de forma tão rápida. A gente não teve nem condições de tratá-lo.” 

O estado de São Paulo concentra a metade das mortes registradas no país. Foram 31 casos nas 11 primeiras semanas do ano: 12 só na cidade de Bauru. A diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do estado, Regiane de Paula, explica que a doença tem um ciclo médio de 3 ou 4 anos. Por isso, já era esperado o aumento de casos em 2019, mas não com um tipo diferente do vírus: 

“Desde 2015, nós tínhamos prevalência do sorotipo 1, o que fez com que as pessoas infectadas ficassem imunes. A entrada do sorotipo 2 faz com que mais pessoas estejam suscetíveis ao sorotipo dois. Mais casos acontecem e há a chance de agravamento desses casos. Isso é fundamental e a gente tem monitorado. Hoje, 57 municípios têm a circulação [do sorotipo 2]. É o sorotipo que está circulando em todo o estado.” 

O coordenador do Programa Nacional de Controle das Doenças Transmitidas pelo Aedes aegypti, Rodrigo Said, explica que a principal preocupação, agora, é evitar mais mortes:

“O nosso grande objetivo é evitar a ocorrência do óbito. Agora, em que há transmissão, é importante organizar todas as ações de controle e mobilizar a população de forma intensa para desenvolver uma ação integrada. É de extrema importância, neste momento, a preparação dos serviços de saúde para evitar a ocorrência dos óbitos por dengue.”

O Ministério da Saúde diz que são 229 mil casos de dengue no país e 62 mortes.

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