O que não foi dito sobre o novo Coronavírus – Parte III

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Conhecendo o Inimigo

Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.

Sun Tzu – A arte da guerra.

A província de Hubei que tem como capital Wuhan, foi onde tudo iniciou. Antes de começarem os casos do novo coronavirus, morcegos já estavam voando pela cidade já transportando um novo coronavirus. Provavelmente no final de novembro sofreu uma ligeira mutação evoluindo para a cepa viral que agora chamamos de 2019 nCoV, SARS-COV-2 ou CoViD-19.

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Os coronavirus já era sabido causarem enfermidades humanas, mas não receberam a devida atenção.Apesar da pandemia de SARS e da epidemia de MERS as pesquisas estavam focadas no vírus influenza, como a gripe aviária, por ter um número significativo de mortes anuais.

Os morcegos carregam um número enorme de vírus (Marburg, Hendra, SARS, MERS, Nipah, Ebola e outros). Por esta razão seu organismo gera inúmeros anticorpos que aliado à sua temperatura interna alterada pelo mecanismo do voo que gera muita energia e pelo seu sistema imunológico lento que não mata todos os vírus, mas os mantem viáveis sem lhes causar dano confere a eles alta capacidade transmissível.

Assim ambos convivem harmonicamente, hóspede (vírus) e hospedeiro (morcego) mantendo a necessidade vital dos vírus que é não matar seu hospedeiro para que ele, o hóspede, tenha maior sobrevida, pois se o hospedeiro morrer o hóspede também morre, uma vez que o vírus não tem capacidade de replicar forma do organismo animal.

A questão é, como os morcegos se contaminaram? Geração espontânea não existe.

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 Existem muitas perguntas sem respostas. Por exemplo, porque morrem mais homens que mulheres pelo novo coronavírus. Fato este que tem sido encontrado em diferentes partes do mundo: China, França, Alemanha, Irã, Itália, Coreia do Sul, Espanha, Brasil.

Na China, 64% das mortes eram homens, no Brasil – 58%, na Itália – 70%, na Coréia do Sul – 54%, na Espanha, o número de homens mortos é o dobro do de mulheres.

A causa mais provável teria a ver com o estilo de vida. Ao redor do mundo, homens tendem a beber e a fumar mais do que as mulheres e, portanto, ficam mais suscetíveis a desenvolver doenças pulmonares e cardiopatias, o que os fragilizariam caso contraíssem o coronavírus.

Além disso, fumantes tocam a boca a todo momento, porta de entrada para o vírus, e têm mais chances de compartilhar cigarros contaminados.

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Estudos mostram que homens lavam menos as mãos do que as mulheres, tendem a usar menos sabão, assim como deixam de ir ao médico com regularidade e ignoram os alertas das autoridades de saúde.

Pesquisas mostraram que as mulheres geralmente têm sistemas imunológicos mais fortes do que os homens e, portanto, debelam infecções com mais facilidade.

Sabemos cada vez mais que há diferenças de gênero substanciais na resposta imune para uma gama de infecções e, no geral, as mulheres reagem mais forte e agressivamente diz Philip Goulder, professor de Imunologia na Universidade de Oxford, no Reino Unido.

De acordo com estudo recente publicado na revista científica Human Genomics, o cromossomo X contém um grande número de genes relacionados à imunidade e, como as mulheres têm dois deles (os homens só tem), largam na frente no combate a doenças.

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Especialmente, genes que decodificam a proteína que detecta os vírus, como o coronavírus. Isso significa que a resposta que as mulheres vão ter contra esse vírus será, de forma geral, mais forte do que a dos homens”, explica Goulder.

Pesquisas também descobriram que o estrogênio, hormônio sexual muito mais prevalente nas mulheres, protegeu fêmeas de camundongos infectadas pelo vírus da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), causada por outro tipo de coronavírus e responsável por um surto em 2003. Durante essa epidemia, os homens também tinham uma taxa de mortalidade muito superior à das mulheres.

O mesmo ocorreu durante o surto da Mers (Síndrome respiratória do Oriente Médio) que surgiu em 2012 na Arábia Saudita e se espalhou por outros países da região. Até durante a gripe espanhola de 1918, que matou 50 milhões de pessoas ao redor do mundo, homens eram mais propensos a morrer do que mulheres.

Além disso, a testosterona, hormônio sexual mais predominante nos homens, tende a ser imunossupressora. Essa é a razão pela qual homens com níveis mais altos de testosterona tendem a responder pior às infecções respiratórias, por exemplo.

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Contudo, apesar das evidências cada vez mais crescentes, especialistas dizem que mais dados são necessários para determinar por que morrem mais homens do que mulheres de covid-19.

Recentemente, o Global Health 50/50, um instituto de pesquisa ligado à Universidade College London, no Reino Unido, analisou os dados públicos disponíveis de 20 países com o maior número de casos confirmados de coronavírus até o dia 20 de março. O objetivo era entender por que mais homens estariam morrendo de covid-19 do que mulheres.

Desses 20 países, apenas seis tinham dados por gênero tanto para casos confirmados quanto para mortes – China, França, Alemanha, Itália, Irã e Coreia do Sul. Outros sete somente para o número de casos confirmados.

O levantamento ainda não foi submetido a nenhuma revista científica para publicação e tampouco revisado.

Quando observamos os dados desses países, a taxa de mortalidade dos homens por covid-19 pode superar a das mulheres em um patamar que varia de 10% a 90%”, diz Sarah Hawkes, professora de saúde pública global na Universidade College London (UCL), no Reino Unido.

Especialistas acreditam que, se mais países tivessem informações mais detalhadas por gênero, governos poderiam basear-se nesses dados para formular políticas públicas de combate ao coronavírus. O que a covid-19 revela é um caso clássico de falha no uso de dados para a tomada de decisão.  

Mas os dados não são coletados e analisados sob o prisma do gênero”, diz Kent Buse, cofundador do GH50/50 e diretor da Unaids, agência da ONU para a Aids.

Todos os dados sobre risco, capacidade de recuperação, grau de infecção são cruciais em uma pandemia”, acrescentou Arthur Kaplan, professor de Bioética na Universidade de Nova York, nos Estados Unidos.

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Em um estudo de 2015, o epidemiologista Ralph Baric e seus colegas da Universidade da Carolina do Norte analisaram os genomas dos coronavírus de morcego e alertaram: “Nosso trabalho sugere um risco potencial de ressurgimento de SARS-CoV de vírus que circulam atualmente em populações de morcegos”. 

Um segundo artigo do mesmo grupo no ano seguinte alertou que outra doença semelhante à SARS dos coronavírus de morcegos estava “preparada para o surgimento humano”. 

Os morcegos carregam uma grande quantidade de membros da família dos coronavirus além de outras doenças humanas. Neste processo de reprodução viral dentro de seu reservatório podem ocorrer mutações permitindo que infectem outros animais, incluindo humanos.

Duas mutações ocorreram nestes vírus preparando o caminho para o CoViD-19. Uma delas foi a mudança em suas espículas S (spike), que é a chave, permitindo que ele se prenda aos receptores da membrana celular, a proteína ACE2 na membrana celular humana, que seria a fechadura.

A segunda mutação importante permitiu ao coronavírus mudar a conformação de suas espículas ao ser atacada pela proteína humana a Furina permitindo que a espícula se molde aos receptores da membrana celular humana que não seja a ACE-2. A proteína furina é que tornou o vírus COVID-19 tão infeccioso e mortal para os seres humanos. 

Estas mutações podem ter ocorrido nos morcegos enquanto voavam, pode ter surgido em uma pessoa infectada por uma versão anterior do vírus, mas sem sintomas ou em um hospedeiro intermediário como o Pangolim cuja carne é muito apreciada além do alegado valor medicinal de suas escamas.

Os vírus da gripe conseguem infectar as pessoas continuamente porque as proteínas em suas superfícies continuam mudando. Seu sistema imunológico falha em reconhecer as proteínas rearranjadas dos vírus, então você precisa de uma nova vacina contra a gripe todos os anos. 

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Felizmente, o SARS-CoV-2 é um pouco diferente. Os vírus da gripe têm um conjunto muito menor de genes e circulam constantemente entre várias espécies – porcos, pássaros e pessoas. Ambos os atributos tornam as mutações mais prováveis ​​na gripe do que nos coronavírus, que contêm um dos maiores genomas virais de RNA e que saltam através das barreiras das espécies com muito menos frequência.

E logo após o início do surto atual, o governo chinês fechou as vendas de animais vivos para fins medicinais e alimentares nos mercados úmidos pouco regulamentados. Em tese.

Por outro lado, a China fez o mesmo após o surto de SARS, quando os epidemiologistas deduziram que o vírus começou em morcegos e se espalhou por um animal felino chamado Civeta, também vendido nos mercados. Ao longo dos anos, tradição e corrupção, silenciosamente permitiram a reabertura do mercado.

h - Pragas e Eventos

Os coronavírus comportam um grande grupo de vírus, alguns dos quais patogênicos para o ser humano, cujas infecções, normalmente, estão associadas a manifestações clínicas do foro respiratório, sem grande gravidade, nas quais se incluem algumas constipações.

Contudo, em situações excepcionais, as infecções causadas por qualquer um dos coronavírus humanos (HCoV-229E, o HCoV-NL63, o HCoV-OC43 e o HCoV-HKU1) podem evoluir para pneumonias e bronquiolites graves, especialmente em idosos, crianças e pessoas imunodeprimidas.

Para além dos sintomas respiratórios, estes coronavírus humanos podem causar doenças com manifestações intestinais e neurológicas.

Na última década, no entanto, dois novos destes vírus revelaram-se à ciência como agentes infeciosos altamente patogênicos para os humanos, causando infecções potencialmente letais.

São eles os coronavírus responsáveis pelas síndromes respiratórias aguda severa (conhecidos como o coronavírus SARS (do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus) ou SARS-CoV, e o coronavírus da síndrome respiratória do médio oriente, conhecido como coronavírus MERS-CoV (do inglês Middle East Respiratory Syndrome-related Coronavirus) que causa, igualmente, sintomatologia renal).

O processo mutagênico que foi responsável pela sua maior infectividade foi a proteína Furina. Para melhor entendermos o mecanismo de ação da Furina precisamos ir ao nível das organelas citoplasmáticas humanas.

Todo ser vivo é formado por células. O conjunto de células forma um tecido e o conjunto de um mesmo tecido gera um órgão.

Uma célula é formada por uma membrana plasmática que delimita seu conteúdo e controla a saída e entrada de substâncias. Dentro do citoplasma encontra-se o núcleo e as organelas.

 Organelas são estruturas celulares que ficam no citoplasma da célula. Elas são responsáveis por todo o funcionamento da célula, e cada uma possui uma função específica:

  • Núcleo – centro de controle das atividades celulares, armazena o material genético
  • Ribossomos – síntese de proteínas
  • Centríolos – divisão celular
  • Retículo endoplasmático – transporte de substâncias dentro da célula
  • RE Rugoso – recebe este nome por conter os ribossomos aderidos à sua superfície, faz a síntese de proteínas
  • RE Liso – síntese de lipídios e desintoxicação celular
  • Complexo de golgi – modificação, armazenamento e exportação das proteínas sintetizadas no retículo endoplasmático; 
  • Lisossomos – digestão intracelular
  • Mitocôndrias – respiração celular (produção de energia)
  • Vacúolos – armazenamento de substâncias

Dentro das células temos o Retículo endoplasmático rugoso e o liso. O rugoso é assim chamado por apresentar aderido às suas membranas uma série de organelas chamadas de ribossomos cuja função é produzir proteínas.

O Retículo Endoplasmático Liso tem a função de produzir hormônios (testosterona e progesterona) e lipídios (gorduras), produção do acrossomo (cabeça do espermatozoide), produção das enzimas digestivas do pâncreas.

A função mais importante do Complexo de Golgi é a secreção das proteínas produzidas no retículo endoplasmático rugoso, mas também os hormônios e lipídios.

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Estes ribossomos podem ser encontrados além do RER no citoplasma e nas mitocôndrias.

Estes ribossomos vão produzir as proteínas necessárias a cada local do corpo animal sendo formadas por uma cadeia de aminoácidos. Cadeia esta que será diferente de acordo com a proteína que será formada.

Os ribossomos são produzidos no núcleo se deslocando para o RER onde alguns ficam aderidos às paredes enquanto que outros são deslocados para o REL e daí para o citoplasma e mitocôndrias.

Cada molécula de aminoácido é composta de um átomo de C (carbono), que se ligará a um H (hidrogênio), a um grupo (N) amino, a uma carboxila e a um grupo orgânico que chamaremos de R (resíduo). Este grupo residual difere de aminoácido para aminoácido e determina sua propriedade.

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Existem 20 aminoácidos no total, sendo doze naturais (produzidos pelo organismo) – alanina, arginina, asparagina, ácido aspártico,  ácido glutâmico, cisteína, glutamina, glicina, prolina, serina, tirosina e histidina e oito essenciais (não são produzidos pelo organismo, por isso devem ser ingeridos com a alimentação ou com suplementação) – triptofano, valina, fenilalanina, treonina, lisina, isoleucina, leucina e metionina.

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Os aminoácidos vão se ligando para formar uma determinada proteína, então uma proteína é um conjunto de aminoácidos.

Um peptídeo contém dois ou mais aminoácidos e um polipeptídeo, por outro lado, contém dez ou mais aminoácidos. Uma proteína é formada pela união de vários aminoácidos, vários peptídeos, então a proteína é chamada de polipeptídeo.

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Enzimas são proteínas (polipeptídeos) que atuam controlando a velocidade e regulando as reações que ocorrem no organismo. Elas catalisam (aceleram) reações químicas específicas atuando sobre substratos específicos e em locais específicos desses substratos.

Uma destas enzimas (proteínas) é a Furina.

Endopeptidase é uma enzima que acelera a quebra de ligações peptídicas dentro de um polipeptídeo (proteína), ou seja, quebra as ligações existentes dentro da cadeia da proteína.

As endopeptidases quebram as ligações peptídicas dos aminoácidos dentro da proteína, em contraste com as exopeptidases, que quebram a proteína nas suas partes mais terminais.

Uma endopeptidase é um tipo de protease, uma enzima de um grande grupo que destrói proteínas. As enzimas são proteínas que fazem as reações acontecerem muito mais rapidamente.

Furina é uma proteína produzida no RER e secretada pelo aparelho de Golgi. É responsável pela maturação proteolítica (ativação ou inativação) de muitas proteínas precursoras nas vias secretória e endocítica das células de mamíferos.

Uma exopeptidase acelera a quebra da ligação peptídica terminal ou penúltima, liberando um único aminoácido ou dipeptídeo da cadeia peptídica.

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A endopeptidase é amplamente distribuída em vários tecidos (por exemplo, membranas das bordas dos rins, intestinais e placentárias, células imunes, plexo coroide, alguns neurônios no cérebro e células de Schwann).

Uma endopeptidase é um tipo de protease, uma enzima de um grande grupo que degrada proteínas. As enzimas são proteínas que fazem as reações acontecerem muito mais rapidamente.

As proteínas são compostas por cadeias de aminoácidos, ligadas por ligações peptídicas. Essa ligação conecta o terminal carboxil de um aminoácido com o terminal amino do próximo.

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As endopeptidases são encontradas em todas as classes de organismos e possuem uma ampla gama de atividades biológicas. Eles estão envolvidos na digestão de proteínas nos alimentos. Isso inclui as enzimas pepsina, tripsina e quimotripsina.

A Furina atua como uma protease, um tipo de enzima que decompõe proteínas em proteínas menores ou em unidades de proteína menores, como peptídeos ou aminoácidos.

Uma protease é um membro de um grupo muito grande de enzimas que têm uma variedade de funções no corpo.

Sem protease, o corpo não seria capaz de digerir a proteína nos alimentos, por exemplo.

Estes também são chamados de enzimas proteolíticas.

As proteases são tipos de proteínas que aceleram a degradação de outras. Eles diferem na maneira como realizam essa atividade.

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