Comportamento das formigas é influenciado pelo gene do olfato

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Dois grupos de cientistas resolveram estudar os comportamentos das formigas. Mas, depois de lhes apagar alguns dos genes recetores de odor, uma vez que estes são fundamentais na boa comunicação entre as formigas. Vamos saber quais foram as respostas.

As formigas são ótimos modelos para estudar comportamentos sociais.

Estudar formigas não é propriamente uma tarefa fácil mas, existe uma nova técnica de edição de genes que é uma grande ajuda. A CRISPR/cas9, que é uma tecnologia única que permite aos geneticista e pesquisadores médicos editar partes do genoma. Removendo, adicionando ou alterando secções do ADN.

Esta técnica, desenvolvida em 2012, faz com que seja possível cortar e colar partes de ADN com precisão. E esta técnica até já foi utilizada em embriões humanos, para corrigir um gene responsável por uma doença cardíaca hereditária, apagando-o.

As formigas usam as feromonas para comunicar mas, na verdade é mais que isso. O envio de sinais entre elas depende também do olfato. E, as formigas têm um total de 350 genes para vários recetores de odores. O que acontece quando alguns desses genes são apagados foi o que estes grupos de cientistas quiseram saber.

Será que o comportamento social das formigas mudou?

Editar cada um dos 350 genes das formigas não seria nada fácil, mas a nova técnica de edição veio facilitar essa parte. Os recetores de odores das formigas têm em comum uma proteína. Essa proteína chama-se “orco” e é um co-recetor olfativo fundamental para o funcionamento dos vários recetores de odores. Assim, os cientistas apenas tiveram de, com a CRISPR/Cas9, apagar esta proteína, e a função dos 350 genes ficou bloqueada.

Para facilitar, os cientistas escolheram espécies de formigas com forma de organização mais simples.

Uma esquipa escolheu uma espécie originária do Japão e de Taiwan. Nestas colónias não existem rainhas, os ovos não são fertilizados, desenvolvem-se como clones, o que faz com haja grande quantidade de formigas idênticas. Assim, como qualquer formiga obreira pode ter ovos, utilizando o cRISPR/Cas9 influenciando os ovos foi fácil fazer colónias com a mutação genética que pretendiam.

As formigas saltadoras que existem na Índia, no Sri Lanka e Sudeste da Ásia (Harpegnathos saltator), foram a escolha da outra equipa. Esta equipa escolheu esta espécie porque era fácil tornar as formigas obreiras em rainhas.

Ao ser apagado o gene “orco”, os resultados das equipas foram idênticos, mesmo em espécies de formigas diferentes.

Quer umas, quer outras formigas deixaram de conseguir comunicar, não tendo qualquer influencia as feromonas. Sem o gene “orco” as formigas tornaram-se anti sociais, e nem conseguiam procurar alimento. Andavam perdidas sem saber sequer como voltar para o formigueiro.

As feromonas podem ser parte importante do comportamento das formigas, mas o gene que recetor de odor, se não estiver a funcionar deixa as formigas sem rumo.

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