‘Ficha ainda não caiu’, lamenta mãe de menino morto por picada de escorpião

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morte escorpiao - Pragas e Eventos
Mãe do menino ainda tenta entender a morte dele: "Não caiu a ficha" (Foto: TV TEM / Reprodução )

A mãe do menino de 6 anos que morreu após ser picado por um escorpião em Barra Bonita (SP) no sábado (14) ainda tenta entender a morte do filho.

A família acredita que a demora no atendimento no hospital da cidade, que não tinha o soro contra o veneno do animal peçonhento, pode ter agravado a situação.

“É uma sensação terrível, a ficha ainda não caiu. É muito difícil pensar que eu vou entrar em casa e meu filho não vai estar lá. E foi muito descaso, é revoltante. E agora só fica a dor pela perda dele, dor e mais dor”, lamenta Arlete Borges Alves, mãe de Brian Gabriel.

Revolta marca velório de menino morto após picada de escorpião em Barra Bonita

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Brian brincava no quintal de casa quando foi picado pelo escorpião. Ele morreu cerca de três horas depois do contato com o veneno.

Primeiro ele foi levado pelos pais até Hospital e Maternidade São José, que tem convênio com a prefeitura de Barra Bonita para serviços de urgência e emergência, mas segundo a família a unidade não tinha o soro para combater o veneno e, por isso, Brian foi transferido para Santa Casa de Jaú.

“Chegou em Jaú, já estava tudo preparado, esperando ele, foi feito o possível, mas a médica mesmo falou que demorou muito, ele foi lá, tomou soro e teve que subir pra UTI pra entubar. Fizeram de tudo, mas a demora foi muita no primeiro hospital, em Barra Bonita”, conta José Oliveira Andrade, padrasto de Brian.

O hospital de Barra Bonita diz que vai apurar se houve alguma falha no atendimento, e que desde 2013 a unidade não recebe o soro para combater o veneno de escorpião, por uma decisão da Secretaria Estadual da Saúde, que definiu que os hospitais da região considerados referência para ter esse soro são os de Jaú e de Dois Córregos.

A família também registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil que também vai investigar se houve alguma negligência no atendimento.

Menino foi picado no quintal de casa após pegar uma sacola com brinquedos; escorpião foi encontrado embaixo do saco plástico (Foto: Murilo Barbosa / TV TEM )

Menino foi picado no quintal de casa após pegar uma sacola com brinquedos; escorpião foi encontrado embaixo do saco plástico (Foto: Murilo Barbosa / TV TEM )

Distribuição do soro

Em nota, Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria Estadual de Saúde afirma que a definição de alguns locais estratégicos para disponibilização de soro contra animais peçonhentos segue política definida pelo Ministério de Saúde e que o estado apenas redistribui para os municípios.

Disse ainda que o envio de ampolas para São Paulo ocorreu com irregularidade e em quantidades insuficientes para a demanda mensal nos últimos meses.

De acordo com o CVE, a necessidade do estado é de 650 ampolas por mês, em média, mas o Ministério tem feito entrega parcial de cerca de 250 ampolas mensais, obrigando o Centro de Vigilância Epidemiológica a equacionar a distribuição do quantitativo nas doses regionais para abastecer devidamente o território paulista. No entanto, ressaltou que não há falta do soro na região de Bauru.

Já o Ministério da Saúde disse, também em nota, que os soros antiveneno continuam sendo distribuídos conforme análise realizada pela Coordenação-Geral de Doenças Transmissíveis (CGDT).

Para essa distribuição, é considerada a situação epidemiológica dos acidentes por animais peçonhentos em cada Unidade Federada, as ampolas utilizadas, bem como os estoques nacional e estaduais de imunobiológicos disponíveis, além do cronograma de entregas a serem realizadas pelos laboratórios produtores.

A nota informa ainda que, neste ano, foram enviadas 9,7 mil doses de soro antiescorpiônico para todo o país, sendo 800 para o estado de São Paulo. O Ministério da Saúde envia doses de vacinas e soros aos estados, que são responsáveis por fazer a distribuição aos municípios, de acordo com as necessidades locais.

Na nota enviada pelo Ministério da Saúde, o órgão explica ainda que alguns laboratórios que produzem soros ofertados pelo SUS estão passando por readequações para reforçar a qualidade dos produtos e atender às novas exigências da Anvisa de Certificação de Boas Práticas da Produção exigidas.

Destaca ainda que a pasta encaminha, rotineiramente, informes às secretarias estaduais de saúde sobre as medidas para garantir a oferta dos produtos, otimizar o uso e reduzir possíveis desperdícios.

O último relatório divulgado pelo Datasus mostra que a região teve 365 acidentes com animais peçonhentos, em um ano, praticamente, um por dia. Foram 274 registros de picadas de escorpião: Bauru lidera em número de casos, seguido por Jaú, Barra Bonita e Dois Córregos.

Garoto de 6 anos morreu após ser picado por escorpião em Barra Bonita (Foto: César Evaristo/TV TEM)

Garoto de 6 anos morreu após ser picado por escorpião em Barra Bonita (Foto: César Evaristo/TV TEM)

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