Expansão dos Percevejos de Cama: Conhecer para Controlar

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Percevejos de Cama - Pragas e Eventos

Histórico dos percevejos de cama

Até 1930 os percevejos eram insetos muito comuns em todo o mundo. De 1930 até 1980 começa a ocorrer alterações em relação ao aparecimento deles devido ao uso de inseticidas, em especial o DDT, não mais utilizado, mas que na época era muito eficiente no controle dos percevejos.

Com as mudanças trazidas pela tecnologia de desenvolvimento de formulação de inseticidas o DDT foi aos poucos ficando em desuso devido ao seu alto teor de toxidade aos humanos e ao ambiente. Com isso, a partir dos anos 80, produtos de baixa toxidade começaram a ser desenvolvidos. No entanto, isso ocasionou o reaparecimento dos percevejos, uma vez que estes insetos criaram resistência a estes novos produtos comercializados.

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Imagem da apresentação da live

Além disso, outros dois fatores que contribuíram para esse reaparecimento são destacados por Ana Eugênia, Diretora-Geral do Instituto Biológico de São Paulo “com o deslocamento da população mundial, por meio de viagens e também da globalização permitiram que diversas pragas fossem de um canto para outro, incluindo o percevejo, que se tornou nos anos 2000 uma praga reemergente”, afirma.

O que são percevejos?

São insetos da ordem Hemiptera e sub-ordem Heteroptera, pertencentes à duas espécies: 1) Cimex lectularis L.(percevejo de cama comum) 2) Cimex hemipterus F. (percevejo de cama tropical).

Estas duas espécies eram distribuídas pelo mundo todo, os percevejos comuns estavam geralmente presentes nas áreas mais frias do globo, e o percevejo tropical nas regiões tropicais.

Atualmente, em 99% dos casos, se encontra pelo mundo o percevejo comum e em poucas quantidades o percevejo tropical “quando a gente recebe material para identificação, geralmente se trata do percevejo comum e não mais do percevejo tropical. Algo em torno de 99% das vezes isso ocorre”, comenta Ana.

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Como identificar o percevejo de cama comum?

Os percevejos são insetos pequenos, muito pequenos, quando adultos medem de 4mm a 7mm de comprimento, a morfologia do seu corpo é achatada dorso ventralmente, isto é, seu corpo é achatado de cima para baixo. Este formato de corpo auxilia sua entrada em frestas, e consequentemente em cantos de difícil acesso e isso dificulta sua detecção e posteriormente o seu monitoramento.

Quando colocado de “barriga para cima” e analisado por meio de lupa verifica-se que o seu aparelho bucal possui três segmentos, sendo este sistema o responsável por picar e sugar o sangue de humanos e de outros animais, já as suas antenas, órgão sensorial dos insetos, possuem quatro segmentos.

Uma curiosidade relacionada ao percevejo comum de cama é que apesar de ser um inseto, ele não possui capacidade de voo, ou seja, ele só se locomove via terrestre, sua coloração é marrom e possui pelos dourados por todo o corpo, muitas pessoas o confundem com carrapatos e pulgas.

Os machos possuem abdome pontudo já as fêmeas um abdome mais arredondado, sendo possível verificar esta diferenciação quando ambos estão juntos.

Pegada Ambiental: Cimex lectularius em Espanha
Google

Como se trata de um bicho muito pequeno os ovos depositados pela fêmea medem 1mm, possuem coloração branca com um aspecto um pouco transparente e sempre estão agrupados podendo serem detectados apenas por lupas, devido a sua coloração e tamanho. Durante a vida os percevejos fêmeas depositam de 200 a 500 ovos, sendo que depois de adultos podem ficar de 20 a 500 dias sem se alimentar.

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Como controlar percevejos de cama?

Quando se depara com uma infestação alta a realização do controle de percevejos se torna um grande desafio, pois se trata de um inseto extremamente pequeno, com alta capacidade de se esconder e que pode passar vários dias sem se alimentar.

De acordo com os estudos realizados pelos pesquisadores, no ano de 2012 durante o ExpoPrag, apenas 44% das empresas de controle de pragas já tinham realizado algum tipo de controle de percevejos de cama e os outros 56%, nunca havia realizado tal procedimento.

De acordo com João Justi, pesquisador científico do Instituto Biológico de São Paulo, este dado é bastante significativo, pois “existem dois problemas a partir dos dados, uma vez que o percevejo é uma praga muito difícil de ser controlada e muitas empresas fogem do problema, porque não detêm o conhecimento necessário da tecnologia. Por isso, é tão importante o conhecimento da biologia, das formas de controle e das alternativas para a realização do manejo”, diz ele.

Por meio da pesquisa realizada pelo Instituto Biológico foi realizado também um levantamento sobre a porcentagem de casos de controle por Estados brasileiros, dados também realizados em 2012, o qual detectou-se que apenas 12 estados, dos 26 mais o DF, haviam realizado algum tipo de procedimento e ou contato com percevejos, são eles:

a) Bahia; b) Espírito Santo; c) Goiás; d) Minas Gerais; e) Mato Grosso do Sul; f) Mato Grosso; g) Pará; h) Paraná; i) Rio de Janeiro; j) Rio Grande do Sul; k) Santa Catarina; l) Sergipe e m) São Paulo

Os locais mais acometidos pelos percevejos de cama, dentre os pesquisados, foram as residências com 59% dos casos seguidos por alojamentos e hotéis, totalizando 37% e depois presídios e bancos que juntos somaram 4%.

Conhecendo os métodos de controle de percevejos

Dentre os cuidados  iniciais a serem realizados pela população, está diretamente ligada a limpeza, sendo necessário a troca de colchas, fronhas, lençóis, forros, cobertores, roupas, de preferência utilizando alta temperatura na lavagem e no momento de seca,  por meio de secadoras.

De acordo com pesquisador Roberto M. Pereira, Professor de Extensão no Laboratório de Entomologia Urbana da Universidade da Flórida, “antes de se realizar qualquer tipo de aplicação de inseticidas a limpeza vem antes e é extremamente fundamental. Para realiza-la deve-se utilizar um aspirador de pó para retirar parte dos percevejos e ovos”.

Fica um alerta, “estes insetos são muito resistentes aos inseticidas piretróides e não são resistentes ao calor, sendo a alta temperatura (41C-48C), letal a eles. Um dos problemas com esse tratamento com calor é que realmente o equipamento para realizar o procedimento é muito caro, demorado uma vez que o aquecimento deve ser feito, não apenas, no local onde estão os insetos, mas sim do todo (ambiente)”, enfatiza Roberto.

Além desses aspiradores e aquecedores são utilizados também os vaporizadores, principalmente para acessar frestas e cantos do chão e outros esconderijos.

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Outros tipos de procedimentos contra percevejos

Não-Químico
Cobertas de Colções
Armadilhas
Aspirador de pó
Vapor
Secamento Mecânico

Inseticidas
Pós-secos
Residual Líquido
Fumigação

O pesquisador Roberto também recomenda alguns cuidados “sempre que usar aspirador de pó, jogue fora o pó em saco bem fechado ou trate-o com temperaturas superiores a 45 graus”.

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