Biólogo cria armadilha para mosquitos da dengue e invenção acaba virando negócio

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Em 2019, houve um aumento de quase 600% no registro de casos no Brasil (Foto: Flickr)

Há 20 anos, Álvaro Eiras começou a desenvolver tecnologias inovadoras para monitorar e controlar as fêmeas do mosquito Aedes aegypti. Entre elas, destacam-se uma armadilha específica para capturar fêmeas do mosquito que transmite a dengue, quando procuram locais para colocarem seus ovos e, principalmente um sistema de monitoramento em grande escala e em tempo real. Com isso, foi possível identificar áreas infestadas pelo inseto e se os mesmos estão infectados com os vírus da doença, além da zika e a chikungunya.

Os anos se passaram e as experiências desenvolvidas de forma empreendedora por Eiras continua fundamentais na luta contra a disseminação dos casos de dengue. Em 2019, houve um aumento de quase 600% no registro de casos no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde.

Eiras é professor e pesquisador acadêmico e, por meio de seus estudos, desenvolveu um produto químico que atrai as fêmeas do mosquito. A partir daí, ele observou que elas iam direto para a parede, e não para a água, atraídas por meio de um odor específico. Foi então que ele teve a ideia de passar uma cola no recipiente para capturar o aedes aegypti e, em seguida, criou um cartão adesivo para prendê-lo.

“Já foram mais de cinco milhões de fêmeas mortas”, conta o professor. Segundo ele, desde 2006 o produto que desenvolveu está sendo comercializado e ajuda no monitoramento, identificando os locais com maiores infestações de mosquitos e se há contaminação com o vírus da chikungunya, dengue e zika. “Prestamos serviço para prefeituras, condomínios, indústrias e estado, como o Espírito Santo, que usa a tecnologia em todos os 78 municípios”, explica o professor.

Diante dos resultados, Eiras decidiu empreender para colocar o produto no mercado e expandir o projeto, denominado como Monitoramento Inteligente da Dengue (MI-Dengue). Nesse ponto, o Sebrae, juntamente com outras instituições do governo, foram fundamentais para o desenvolvimento dos primeiros modelos e para permitir, desse modo, a verificação da viabilidade de uma produção em larga escala.

“O Sebrae financiou a produção e avaliação dos protótipos, além de apoiar financeiramente a construção dos moldes das armadilhas para a produção”, explica Álvaro Eiras. “Graças a isso foi possível colocar o produto no mercado e reduzir a transmissão de casos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti”, acrescenta o professor.

Também pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Eiras criou a Ecovec, que vende o serviço, por meio de pacote e que foi adquirida por uma multinacional inglesa. Antes disso, ganhou prêmios internacionais, como o Tech Museum Awards, cuja entrega ocorreu no Vale do Silício (Califórnia, Estados Unidos).

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