Comunicação e a Saúde Pública

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A comunicação no seu sentido mais amplo é definida como a ação de transmitir uma mensagem e, eventualmente, receber outra mensagem como resposta. Neste contexto a Comunicação em Saúde é uma ferramenta fundamental para trabalhar ações de promoção, prevenção e proteção a vida, trazendo informações baseadas na ciência e tecnologia associada a dados epidemiológicos atualizados, buscando influenciar o comportamento humano para a mudança de hábitos e postura no seu cotidiano que implicam diretamente no controle de doenças, buscando o sentido da corresponsabilidade com sua saúde e da comunidade.  

A comunicação se consolida como elemento essencial para a promoção da saúde ao funcionar como uma área estratégica para interação e troca de informações entre as instituições, comunidades e indivíduos, tendo como atores os gestores, trabalhadores e usuários dos serviços. Essa troca deve acontecer de forma contínua e de fácil acesso, no ambiente domiciliar, nas escolas, no ambiente de trabalho e em todos os espaços de convívio, proporcionando a interação oportuna em situações onde o controle de doenças depende do coletivo e não apenas dos cuidados individuais.

Promover a comunicação entre estes grupos pode provocar uma série de discussões em direção a mudanças que proporcionem melhor forma de cuidar e novas formas de organizar o trabalho, ampliando a capacidade de transformar a realidade em que vivem, através da responsabilidade compartilhada, da criação de vínculos, estimulando a participação coletiva nos processos de gestão da saúde. 

Atualmente o maior problema de Saúde Pública, além do novo coronavírus, ainda são as epidemias de Dengue recorrentes e sem controle em todo país, causando todos os tipos de prejuízos e impactos negativos aos sistemas de saúde. Sem controle exatamente porque demanda de ações preventivas de caráter continuo e que dependem dos hábitos cotidianos da população.

Neste caso, nos serviços de controle da doença, responsáveis por monitorar o transmissor que é um mosquito com hábitos domiciliares como o Aedes aegypti, essa comunicação deve ser efetivada através de canais que permitam a troca de mensagens em tempo oportuno para redução dos índices de infestação. 

Talvez este seja o setor que mais demanda dos serviços de Comunicação, pois o trabalho acontece em forma de fiscalização continua das medidas de controle nos imóveis, trazendo a comunicação como vínculo entre trabalhadores e população. 

A participação da população no manejo ambiental e saneamento domiciliar é essencial e deve ser realizada de forma a considerar os conhecimentos já existentes utilizando como troca de experiências adaptando as formas de trabalhar conforme o entendimento dos processos de saúde e doença focando nos problemas reais e as necessidades locais.

Por exemplo trabalhar informações sobre controle de vetores em uma comunidade que não possui saneamento básico ou ainda, onde a coleta de lixo não é regular ou sem tratamento adequado, onde o fornecimento de água tratada em quantidade e qualidade não é adequado, não tem impacto algum pois a resposta não acontece por se tratar de infraestrutura do próprio poder público e não por falta de cuidado da comunidade.

O mesmo acontece em comunidades onde as condições socioeconômicas e/ou culturais não atendem as exigências sanitárias. Nestes casos a comunicação deve ser estabelecida no sentido de receber informações por parte do serviço para depois ser devolvida em forma de solução e não apenas de cobrança de alguma medida preventiva. 

Uma vez que se estabelece a comunicação entre serviços e a população de forma continua, sólida e confiável o trabalho se torna mais efetivo pois aquela comunidade se sente parte da solução e não apenas um fator determinante do problema. 

No entanto estabelecer essa conexão para receber as informações da comunidade e utilizar como ferramenta de prevenção ainda parece um desafio quando a maioria dos serviços utiliza os sistemas de informação já padronizados para transmitir dados epidemiológicos e orientações de prevenção prontas, mantendo  apenas ouvidorias e assessorias de imprensa com boletins e dados meramente informativos sem considerar as demandas da população de acordo com sua realidade e ainda  quando o foco das informações está na assistência à saúde ou seja nos tratamentos da doença, uma vez que habitualmente as pessoas se preocupam com a saúde apenas quando já estão acometidas pela doença buscando  pelo tratamento imediato. 

Dessa forma a comunicação se torna sem sentido tendo apenas uma mão única sem estabelecer uma resposta efetiva, torna-se obsoleta cumprindo um papel meramente fictício.

Assim como a população tem o dever de cumprir medidas sanitárias e de cuidado com sua saúde e a coletiva, ela também tem o direito de ser ouvida e assessorada tecnicamente para os cuidados. 

A Comunicação em Saúde deve ter como objetivo estratégias de prevenção sensibilizando para o auto cuidado e não se transformar em estratégia de marketing da administração pública, não deve ser focada apenas em números e boletins precisa trazer formas de criar vínculo com a população no sentido de acolher as demandas e necessidades em momento de dificuldade.

Quando a população tem acesso e se apropria do conhecimento passa a tomar conta de si mesma e de suas condições de saúde promovendo o diálogo entre os diversos atores de forma a simplificar o trabalho.

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