Especialista aborda os desafios do controle das doenças transmitidas pelo mosquito

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Isis Breves

Jornalista – comunicação institucional, comunicação em saúde, comunicação interna. Amo o que faço?

O especialista Fábio Castelo Branco participou do 1º Fórum da Região dos Lagos “Conhecendo o Aedes aegypti – Formas de prevenção e combate”, que aconteceu na cidade de Cabo Frio no Estado do RJ, dia 25 de junho. Na ocasião, ministrou a palestra “Desafios para o controle das doenças transmitidas por mosquitos no Brasil”. O Portal Pragas & Eventos trouxe os destaques dessa palestra para disseminar informação de qualidade.

Fabio Castelo - Pragas e Eventos
Fábio Castelo Branco – 1º Fórum da Região dos Lagos “Conhecendo o Aedes aegypti – Formas de prevenção e combate”

Fábio Castelo Branco é biólogo especialista em controle de vetores e pragas urbanas pela CRBio2, especialista em Malacologia pela Fiocruz, Mestre em Entomologia  pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em Vigilância e Controle de Vetores pela Fiocruz, PhD em Entomologia pela IPK/Cuba e Membro de SBParasito, SBEntomology, ESA_US.

“Primeiro dado de impacto que podemos mostrar é que o mosquito é o animal que mais mata em todo mundo: 725 mil pessoas morreram devido a doenças transmitidas pelo mosquito. Em 2015 estima-se que 214 milhões de casos de malária no mundo, com 37% de incidência e 60% de mortalidade”, afirma Fábio Castelo Branco.

O Aedes aegypti no Brasil é o mosquito transmissor de doenças grande desafio de prevenção e controle para a saúde pública: Dengue, Chikungunya ,  Zika e a Febre Amarela.

“Historicamente, o controle do mosquito começa durante o século XX, através de campanhas de erradicação e, por duas, o Brasil teve êxito na erradicação do Aedes aegypti: em 1955 e 1973. Em 1976, reinicia os primeiros registros da presença do mosquito nos Estados do Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro, desde então, o número de municípios infestados pelo vetor vem aumentando consideravelmente. Em 2002, o MS lançou o Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), que não preconiza mais a erradicação do mosquito, mas sim, a redução dos índices de infestação predial”, explica Fábio Castelo Branco.

Hoje, temos Dengue tipo 1,2,3 e 4, Zika, Chikungunya total de 06 tipo de vírus. “O preocupante é que nas américas já temos 28 circulando, sabendo que dos 500 arbovírus, 265 deles são transmitidos por mosquitos e, desses 110 podendo atingir o homem. O vetor principal continua sendo o Aedes aegypti”, fala.

Fabio apresenta os fatores macro determinantes da infestação do Aedes aegypti no Brasil. “Temos como principais fatores macro determinantes os resíduos sólidos urbanos, o saneamento básicos e os aglomerados urbanos.  Essa realidade pode ser comprovados em números, dados apontam que 62,5 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos são coletadas (2015), 52,3 % do lixo urbano está concentrado em 110 cidades com mais de 250 mil habitantes, 30% dos municípios usam lixões sem destino adequado, 83,3% dos domicílios brasileiros possuem água tratada, 50,3% dos domicílios não possuem coleta de esgoto e a intermitência no abastecimento afeta 20% dos distritos abastecidos, 88,2% dos domicílios em favelas são concentrados em regiões com mais de 1 milhão de habitantes, há 6.329 favelas em 323 municípios e 11,42 milhões (6%) de pessoas moram em favelas brasileiras”, afirma o especialista.

Segundo Fábio, há inovações em vigilância entomológica que podem apresentar resultados exitosos no combate ao mosquito. “O Checklist do Plano de Contingência Estadual  é uma ferramenta estratégica para o controle do mosquito, que envolve a Gestão atualizando os gestores do governo; a Epidemiologia que utiliza os dados atualizados da vigilância epidemiológica e a série histórica endêmica das principais regiões e cidades do estado; o Manejo Clínico e Assistência que envolve os protocolos de referência no atendimento a endemias  na rede hospitalar, pontuar as unidades de saúde primárias e ações de capacitação de profissionais de saúde para diagnóstico e tratamento; o Controle Vetorial que são estratégias adotadas e implementadas, insumos disponíveis, situação dos equipamentos, veículos, carros UBv e ações de bloqueio do mosquito peri e intradomiciliar;  a Vigilância Entomológica que são as LIRAs realizadas e seus destaques, armadilhas utilizadas, trabalhos realizados no LACEN e suas capacidades, ações de vigilância entomovirológica, capacidade de resposta dos núcleos de entomologia, toda a estrutura para monitoramento e capacitação e por fim, e não menos importante; a Capacitação e Mobilização, que são as ações realizadas e previstas internamente e com a população dando destaque a educação e promoção da saúde”.

O Projeto de Implantação de Núcleos Regionais de Entomologia na Estrutura dos Estados, Fábio Castelo Branco, exemplificou o Rio de Janeiro. “No Estado do RJ, os núcleos seriam divididos pelas seguintes regiões: Metropolitana 1 abrangendo os municípios do Rio de Janeiro e Nova Iguaçú, Metropolitana 2 abrangendo o município de Niterói, Baía da Ilha Grande abrangendo o município de Angra dos Reis, Centro-sul abrangendo os municípios de Paracambi e Vassouras, Baixada Litorânea abrangendo Saquarema, Médio Paraíba abrangendo Volta Redonda, Norte com núcleo em Macaé, Noroeste com núcleo em Santo Antonio de Pádua, e a região Serrana com ponto em Cachoeira de Macacu”.

Dessa forma, o Estado do RJ estaria monitorado por regiões com o Laboratótio LACEN como referência Entomovirológica do Estado.

Essa estratégica foi destaque de sua apresentação, e Fábio finalizou sua palestra, após demais temáticas sobre o controle do mosquito, apontando para os riscos nos munícipios da circulação simultânea de dengue, chikungunya e zika, a necessidade de adoção de novas estratégias de controle vetorial como as apresentadas de inovação, por exemplo, uso de drones de mapeamento, detecção por infravermelho de focos, com monitoramento e controle de mosquitos, como complementar as ações rotineiras já preconizadas pelo Programa, Investimentos em projetos de diferentes linhas de pesquisa, já que a multiplicidade de fatores que interferem na dinâmica dos arbovírus transmitidos pelo Aedes exigem diversas abordagens e o fortalecimento da equipes de Vigilância Entomológica do nosso país. Para assim, monitorar a qualidade do serviço executado no campo, capacitar os profissionais, avaliar e implementar novas tecnologias de controle com equipes experientes e integradas nacionalmente visando preservar a memória e a experiência técnica do programa nacional.

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