Leishmaniose visceral em dois homens de Florianópolis é sinal de alerta para teste em cães

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Diante do risco da leishmaniose, Eduardo (à dir.) levou Mitte para o médico veterinário João Gustavo aplicar a vacina - Flávio Tin/ND

Com os dois primeiros casos de leishmaniose visceral na história de Florianópolis, registrados este ano em moradores dos bairros Saco dos Limões e Pantanal, a prefeitura intensifica as ações para conter o avanço da doença transmitida entre animais e humanos por meio do mosquito palha. Segundo a bióloga do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), Cíntia Petroscky, 713 cães foram testados este ano e 62 deram positivos. A doença é assintomática em alguns casos e, por isso, é importante realizar o teste nos animais. A recomendação do Ministério da Saúde é a eutanásia para os cachorros, mas existe o tratamento particular que melhora a vida dos animais.

A doença é causada pelo protozoário “Leishmania chagasi” que infecta cães em áreas urbanas. “Desde 2010, quando identificamos o primeiro caso, realizamos mais de 10 mil testes em cães. A diferença agora é a identificação de casos em humanos, mas as vítimas já estão em casa. A única forma de detectar a doença é fazendo o teste nos cães”, explicou a bióloga.

Os sinais clínicos da doença em animais podem começar com emagrecimento, enfraquecimento dos pelos e apatia. Também ocorre descamação ao redor dos olhos, focinho e ponta de orelhas, além do crescimento exagerado das unhas. No homem, os sintomas incluem febre, cansaço muscular, perda de apetite, emagrecimento e aumento do volume abdominal.

Em Florianópolis, 34 bairros já registraram a doença nos últimos sete anos. As maiores ocorrências são nas localidades da Bacia do Itacorubi. “Estamos realizando a busca ativa de sintomáticos na região, pela Vigilância Epidemiológica, e o CCZ continua o trabalho de inquéritos sorológicos nos locais onde ocorreram os casos positivos. Visitamos cada casa dessas localidades para orientação e colocação de armadilhas para identificar uma área de transmissão”, disse Cíntia. A utilização de repelentes e a limpeza do quintal são alguns cuidados que devem ser tomados pela população.

Vacina e coleira de proteção

Para evitar a contaminação e a propagação da leishmaniose, o professor Eduardo Silveira, 33 anos, não perdeu tempo e vacinou a cadela Mitte, da raça Golden Retriever. O medicamento é acessível apenas em clínicas veterinárias e as três doses, além do teste, custa em média R$ 400. Além da vacina, também existem coleiras de prevenção ao mosquito que custam entre R$ 160 e R$ 220. “Estou morando no Campeche há um ano e fiquei sabendo de casos de leishmaniose. Diante do risco resolvi aplicar a vacina para manter o meu cão sadio e evitar a proliferação da doença”, contou.

O médico veterinário João Gustavo de Souza explica que a melhor prevenção é a aplicação da vacina e o uso da coleira. “Como nem todo mundo realiza os testes, a estimativa é que possamos ter mais casos na região do que os registrados. A vacina também precisa ser aplicada em três doses durante 21 dias, se atrasar ou adiantar, o ciclo precisa ser refeito”, disse. Ele lembrou que existe um método de prevenção com pipetas, que devem ser aplicadas mensalmente na nuca do animal, mas os donos acabam perdendo os prazos.

SERVIÇO

Centro de Controle de Zoonoses de Florianópolis

Horário para o teste da leishmaniose: das 13h às 14h, segunda à sexta-feira

Mais informações: (48) 3338-9004

Casos registrados em Florianópolis desde 2010

Canto da Lagoa: 53

Canto dos Araçás: 39

Costa da Lagoa: 38

Lagoa da Conceição: 31

Pantanal: 21

Itacorubi: 19

Rio Tavares: 16

Córrego Grande: 12

Saco Grande: 8

Campeche: 7

Costeira: 6

Praia Mole: 5

Saco dos Limões: 5

João Paulo: 4

Centro: 3

Monte Verde: 3

Rio Vermelho: 3

Itaguaçu: 2

Joaquina: 2

Outras localidades: 15

Fonte: CCZ – julho 2017

>> DICAS DE PREVENÇÃO

Limpeza constante do quintal para que não fiquem acumulados restos de matéria orgânica

Evitar a criação de porcos e galinhas em área urbana

Instalação de telas milimetradas nas janelas da residência e no canil

Uso de roupas longas ao trabalhar na área externa

Uso permanente de repelentes contra os insetos transmissores – inclusive nos cães, por meio de coleiras ou pipetas repelentes

Vacinação antileishmaniose visceral canina dos animais

Fonte: CCZ

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