Mais de 17 mil mineiros doentes e até incapacitados, dez mortes confirmadas e milhões de reais gastos com internações e medidas de prevenção. Se em dez meses o avanço da chikungunya impressiona, o que está por vir pode ser pior. Em 2018 a doença deve desafiar ainda mais a saúde pública no Estado.

Maior circulação do vírus, baixa imunização da população e a previsão de um período chuvoso mais intenso favorecem a propagação da enfermidade transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. “Minas corre o risco de viver uma explosão nos casos de chikungunya”, crava Rodrigo Said, subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde.

Campanha

Said, especialistas e outras autoridades participaram ontem do lançamento de uma ação de combate ao vetor, que também transmite dengue e zika. Até o ano que vem, cerca de R$ 90 milhões deverão ser investidos em campanhas, capacitações, compra de equipamentos e melhorias das condições de laboratórios e unidades de saúde.

Em 2017, o salto nos casos da doença já ultrapassa mais de 3.000%. Os registros se concentraram principalmente no Leste de Minas. Para 2018, as chances de as pessoas serem infectadas em outras regiões, sobretudo a Central, onde há maior densidade populacional, aumentam. O subsecretário lembra que é grande a circulação de pessoas durante o fim do ano.

Além disso, ele reforça que a presença do vírus é recente em Minas. “Foi identificado pela primeira vez em 2015 e, quando você tem a introdução de um novo vírus em qualquer comunidade, existe uma grande possibilidade de uma rápida explosão pelo fato de a população não ter uma proteção natural”.

Para o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, a chikungunya é a doença em maior expansão no Estado. “A população não está nem em parte imunizada, como é o caso da dengue, que teve um grande surto, o que faz algumas pessoas criarem certa resistência. O mesmo não acontece com a chikungunya”.

Ações de combate

Cerca de R$ 18 milhões – 20% do orçamento previsto – foram gastos até o momento. Uma capacitação com profissionais dos laboratórios também está sendo feita. Objetivo é investir na identificação da doença, já que muitos sintomas são semelhantes aos da dengue e zika.

Outro foco é atuar na conscientização. Um vídeo com músicas que remetem a brincadeiras infantis começou a ser veiculado. “Envolver a população nesse combate é muito difícil. As pessoas até sabem o que tem que ser feito, mas não tem essa preocupação como uma constante”, diz Estevão Urbano.