Mosquitos estéreis contribuem para queda na infestação em Jacarezinho

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Há um ano, o índice de infestação de Aedes no Novo Aeroporto era de 15%; em fevereiro, levantamento mostrou taxa zero

Jacarezinho – As ruas pacatas do jardim Novo Aeroporto, na entrada de Jacarezinho (Norte Pioneiro), refletem os números atuais da dengue na localidade. O que um dia já foi problema para os moradores hoje é praticamente inexistente. “O pessoal fala que agora está tranquilo. Ainda bem”, resume a dona de casa Nilza Silveira. Há um ano, o índice de infestação do mosquito transmissor da dengue no bairro era de 15%. O último Liraa (Levantamento Rápido de Índices de Infestação do Aedes aegypti), divulgado em fevereiro, mostrou taxa zero. 

A explicação é um projeto que vem sendo desenvolvido no Novo Aeroporto, Aeroporto e Vila Leão, bairros próximos um do outro. Desde setembro de 2018 são soltos nestes locais mosquitos estéreis, por meio de uma parceria firmada entre município e a multinacional israelense de biotecnologia Forrest, com apoio da Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná). No Aeroporto e Vila Leão os indicadores de infestação do Aedes aegypti também vêm apresentando avanços. 

A iniciativa é pioneira no Brasil e os três bairros foram escolhidos por causa dos altos índices de casos de dengue. “Chegamos na cidade em 2017 e vimos que Jacarezinho estava com um dos maiores índices do Paraná. Conversamos com a prefeitura, Vigilância Sanitária e secretaria de Saúde e fomos autorizados a instalar armadilhas para verificar a população do mosquito. Em seguida coletamos os ovos e iniciamos a colônia com o mosquito original em laboratório. Posteriormente, negociamos com estes órgãos para implementar o projeto-piloto”, explica Lisiane de Castro Poncio, coordenadora do projeto. 

TÉCNICA

A técnica é baseada na criação massiva de machos estéreis para serem soltos na natureza. Quando uma fêmea silvestre copula com um macho estéril ela não gera descendentes, diminuindo assim a proliferação destes mosquitos. São as fêmeas que transmitem dengue, febre amarela, chikungunya e zika porque, além de consumirem seiva, precisam de sangue para completar o processo de maturação dos ovos e fazer a postura. A espécie criada em laboratório não utiliza manipulação genética e recebe para alimentação ingredientes específicos nas fases de larva e pupa para se tornarem estéreis quando atingem estágio de mosquito adulto. 

Segundo Poncio, um laboratório da empresa foi instalado na cidade. A soltura dos mosquitos estéreis ocorre de duas a a três vezes por semana nas áreas traçadas. Outros três bairros – Dom Pedro Filipack, Vila São Pedro e Vila Marta – são classificados como área de controle. Neles é feita observação dos números da dengue para comparação. “A distância destas áreas é de aproximadamente três quilômetros, então o mosquito que soltamos no setor tratado não chega no de controle. Tudo foi definido com a secretaria de Saúde e vigilância do município.” 

CONSCIENTIZAÇÃO

Também faz parte deste projeto um trabalho de conscientização junto à população, que funciona como complemento da parte científica, com funcionários da empresa indo nas residências. Agentes de endemias passaram por treinamento para entender o que está sendo desenvolvido. A coordenadora do projeto aponta que o entendimento por parte dos moradores acaba influenciando no resultado. O último Liraa mostrou o bairro Aeroporto com índice de infestação de 2,8% contra 9,3% de fevereiro de 2018. Já a Vila Leão continua com 11%, entretanto chegou a 9,3% em novembro.

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