Peste já atinge áreas urbanas de Madagáscar

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OMS alerta para o ritmo acelerado a que se está a alastrar a epidemia Foto: Igor Martins / Arquivo Global Imagens

Em comunicado datado de sábado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para o ritmo acelerado a que se está a alastrar a epidemia e para o facto de se estar a manifestar em duas das três formas possíveis da doença – bubónica e pneumónica (não há registo de casos de peste septicémica).

A doença, causada pela bactéria Yersinia pestis, é endémica em Madagáscar e todos os anos mata. Mas, desta vez, as autoridades de saúde estão em alerta máximo pela estranha velocidade de transmissão verificada este ano, estando a passar de aldeias, onde a população e o risco de contágio é menor, para cidades mais urbanas como a capital, Antananarivo.

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Apesar da época oficial da epidemia só ter início em setembro, os casos de peste começaram a registar-se em agosto, tendo havido, só nesse mês, 114 infetados. Além disso, mais de metade dos casos identificados eram contágios de peste pneumónica, a forma mais letal da doença e aquela que se transmite de pessoa para pessoa.

Doença da Idade Média

Como é que uma doença que matou um terço da população europeia na Idade Média não foi erradicada? Apesar de ser rara no Mundo, a peste está extremamente ativa em Madagáscar, na República Democrática do Congo e no Peru, onde todos os anos se registam dezenas de mortes. Também regiões como o Novo México, nos EUA, têm sido afetadas.

Mas a resposta para a pergunta reside no facto de o hospedeiro natural da peste não ser o homem. A bactéria que causa a infeção só se encontra em animais. Segundo os especialistas, a espécie com mais propensão para ser hospedeira do vetor da doença é o rato preto (daí o nome “peste negra”) e, ainda que a transmissão possa acontecer diretamente do animal infetado para o ser humano, a forma mais comum de transmissão tem sido a pulga, que se alimenta do sangue do rato.

As fracas condições sanitárias e a falta de higiene são dois dos grandes impulsionadores da propagação da doença, mas esta só desapareceria eliminando todas as espécies passíveis de hospedar e transmitir a bactéria. “Isso significaria exterminar por completo os animais que transmitem a peste”, revela Pritish Tosh, especialista em doenças infetocontagiosas, ao jornal “USA Today”.

Apesar de ainda não haver respostas nem soluções que extingam a doença – que foi uma das maiores pandemias da História, no século XIV -, foram já desenvolvidos antibióticos que previnem o contágio e são eficazes na cura. “A peste tem cura se for detetada a tempo”, garante Charlotte Ndiaye, representante da OMS naquela ilha do Oceano Índico. Localmente, foram já implementaram medidas de prevenção, como a proibição de ajuntamentos públicos em Antananarivo.

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