Surto de Febre Maculosa em MG preocupa e especialista fala ao Portal Pragas e Eventos

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Carrapato-estrela é o responsável por transmitir a febre maculosa — Foto: CDC/ Dr. Christopher Paddock/ James Gathany
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Isis Breves

Jornalista – comunicação institucional, comunicação em saúde, comunicação interna. Amo o que faço?

Contagem, município da região metropolitana de Belo Horizonte, enfrenta um surto de febre maculosa.  Quatro mortes confirmadas pela doença e as notificações já somam 40 pela doença na cidade. Na manhã deste sábado, quatro técnicos do Ministério da Saúde (MS) acompanharam o trabalho de combate ao carrapato-estrela, que hospeda a bactéria causadora da enfermidade, na área de surto da doença, no Bairro Nacional. Segundo a prefeitura, o objetivo dos representantes do MS é avaliar o trabalho e coletar os carrapatos para pesquisa. Algumas medidas já estão sendo feitas para o combate da praga, como o banho de carrapaticida para os cavalos de carroceiros que atuam na região. Segundo a Prefeitura, a ação deve beneficiar 100 carroceiros que atuam em 90 bairros da Regional Nacional. A previsão é que o serviço comece às 10hs nos eco pontos montados das unidades Carajás e Amendoeiras.

Fabio Medeiros - Pragas e Eventos
Fabio Moreira da Costa

Segundo Fabio Moreira da Costa, Biólogo especialista em Entomologia Urbana e Meio Ambiente e Diretor Técnico da Sinantrópicos Ambiental Ltda., o carrapato-estrela pertencente ao gênero Amblyoma, pode ter como hospedeiro animais domésticos como cavalos e cachorros, além de animais silvestres, principalmente capivaras. Seu controle deve focar prioritariamente, no manejo do ambiente, tornando-o desfavorável ao seu desenvolvimento.

Algumas medidas simples devem ser observadas, principalmente em locais onde há o histórico da doença, como:

– Sempre que possível evitar locais com a presença de carrapatos;

– Evitar sentar em gramados sabidamente infestados por carrapatos;

– Ao adentrar em locais vegetados e com a presença de animais silvestres e/ou domésticos (principalmente cavalos), procure usar roupa clara, além de botas ou prendendo a meia à barra da calça (pode utilizar fita adesiva), visando visualizar prontamente a presença de carrapatos;

– Lave a roupa com carrapatos em água quente (fervendo);

– Olhar com atenção seu corpo, periodicamente, para ver se não há carrapatos. Atenção às formas jovens, que são muito pequenas de difícil percepção;

– A retirada de carrapatos que porventura esteja em seu corpo, deve ser realizada com uma pinça, calmamente, evitando espreme-lo com as unhas;

– No ambiente vegetado, o controle químico (uso de inseticidas ou carrapaticidas), deve ser evitado, pois além de apresentar baixa efetividade, pode causar impactos ambientais negativos;

– Em áreas internas e próximas a edificações, com a presença de animais domésticos que podem ser hospedeiros, o controle químico é recomendado, conjuntamente com as medidas de controle no animal com avaliação de um médico veterinário;

–  Opte pela manutenção da vegetação, mantendo gramados e áreas de pastagens com o corte sempre rente ao solo, plantas arbustivas devem ser podadas de forma regular;

– Local com a presença de animais silvestres, principalmente capivaras, que podem favorecer a dispersão de carrapatos e com comprovada ocorrência da doença, consultar o órgão sanitário e ambiental para se determinar a melhor estratégia de controle.

O biólogo Fabio ainda explica que apesar de atuar em ações privadas de controle, a prevenção de doenças transmitidas por vetores e pragas é um desafio de saúde pública de esferas pública e privada. “Hoje o principal desafio, não só da febre maculosa, mas para a prevenção de diversas outras doenças transmitidas por vetores. É também conter o desmatamento e a degradação ambiental de áreas urbanas e periurbanas. Observe que as capivaras já vivem em vários locais de nossas cidades, não sendo incomum o fechamento de parques urbanos, por exemplo, por haver capivaras, carrapatos estrela e em muitas vezes a doença”.

               É fundamental a participação e o engajamento da população na prevenção de doenças que tem como foco o controle da praga como a febre maculosa. “A divulgação de informações de fontes confiáveis para prevenção da febre maculosa para que a população amplifique as informações para outas pessoas, como uma rede de multiplicadores, manter o ambiente dentro e fora de casa, desfavorável aos carrapatos como já indicado, além do trato e inspeção periódica de animais domésticos, principalmente cães e cavalos junto ao médico veterinário, são medidas que a população participa efetivamente para contribuir na prevenção e controle da doença. Fiquem atentas as saídas de seu animal, inspecionando-o quando do seu retorno”, afirma Fabio M. da Costa.

               Por fim, o biólogo Fabio acredita que apesar das notificações dos surtos da febre maculosa em Contagem-MG, não há risco de uma epidemia. “as ações dos órgãos de saúde são imediatas. Há vários locais do país, onde a doença e endêmica. Para o diagnóstico correto da doença, deve-se buscar atendimento médico de urgência, sempre informando que foi picado por carrapatos, para que desta forma exames de sangue específicos possam ser realizados. Além disso, um programa de educação em saúde deve ser adotado. Importante lembrar que não somente o carrapato estrela (Amblyomma cajanense), mas também outros carrapatos do gênero Amblyomma também estão envolvidos na transmissão da Febre Maculosa Brasileira”.

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