Surto, epidemia, pandemia… Qual o peso de cada um?

“- Menina, o hospital está lotado de pessoas com dengue!!

“- Parece que o sarampo voltou…

“- Nossa, estou numa tão forte que não vou conseguir trabalhar hoje.

E assim os diálogos se iniciam, ecoam e atropelam a rotina das pessoas que mais a noitinha, já em suas casas, ouvem no jornal da TV: “foi identificado surto de Y na região X”, ou “a Organização Mundial de Saúde estabeleceu as medidas para combater a epidemia Z nas Américas”. Mas afinal, convivemos com todos esses vírus e bactérias malvados todo o tempo e para nos protegermos realmente é importante saber a dimensão em que estão se espalhando e quais as chances de sermos o próximo alvo deles.

Então, a ideia de hoje é trazer mais vocabulário relacionado a essas doenças infecciosas que atingem muitas pessoas para interpretarmos as notícias que estão “infestando” principalmente as redes sociais. Bora aprender?

Os termos endemia, surto, epidemia e pandemia indicam o número de casos de uma condição (como infecções, embora condições como hipertensão, câncer, violência também possam ser descritos da mesma maneira) em um ponto no tempo e em determinada localização, comparando a como era descrita em um momento considerado “normal” ou dentro do esperado. Entenda:

ENDEMIA
Uma condição endêmica está presente a uma taxa razoavelmente estável e previsível entre um grupo de pessoas – o número observado de casos é aproximadamente o mesmo que o número esperado. O grupo de pessoas pode ser todos habitantes de uma cidade ou estado, ou áreas maiores, como países ou continentes. Exemplos incluem malária na África, dengue em regiões tropicais e subtropicais e hepatite B em todo o mundo, embora as taxas sejam maiores na Ásia e África (alta endemicidade) do que na Europa e América do Norte (baixa endemicidade).

SURTO
Um surto ocorre quando há um aumento repentino no número de pessoas com uma condição, sendo maior que o esperado. Ou há mais casos de uma condição endêmica do que o esperado ou a condição é encontrada em algum lugar que não tenha sido relatado antes, portanto, um caso único pode ser um surto. Os surtos estão limitados a áreas relativamente pequenas. Os exemplos incluem cólera após o terremoto de 2010 no Haiti, doenças transmitidas por alimentos como surtos de Escherichia coli associados a alface e carne moída, vários surtos de ebola em diferentes países africanos desde 1976 e sarampo entre crianças não vacinadas que visitaram o parque temático dos EUA em 2015.

EPIDEMIA
Uma epidemia é um surto que se espalha por uma área geográfica maior. Exemplos incluem o vírus Zika, começando no Brasil em 2014 e se espalhando para a maior parte da América Latina e Caribe; o surto de Ebola 2014-2016 na África Ocidental, que foi grande o suficiente para ser considerado uma epidemia; e a crise dos opiáceos (medicamentos como analgésicos que tem sido a causa de morte por overdose) nos EUA.

PANDEMIA
Uma epidemia que se espalha globalmente é uma pandemia. A gripe espanhola de 1918, que infectou mais de um terço da população mundial e matou aproximadamente 50 milhões de pessoas, é o exemplo mais famoso. Houve várias pandemias de gripe desde 1918 – em 1957 e 1968, assim como o H1N1 em 2009. Outros exemplos incluem a peste bubônica (a peste negra) no século 14, o vírus da síndrome respiratória aguda grave (SARS) em 2003 e o HIV / AIDS.

Muitos fatores influenciam o quanto uma condição se espalha. Dois dos mais importantes são a facilidade com que a condição é transmitida de uma pessoa para a próxima e o movimento de pessoas, particularmente via avião, porque as infecções podem ser trazidas para novas partes do mundo em questão de horas.

Essas definições podem parecer simples, mas aplicá-las e compreendê-las nos ajuda a entender qual a real importância devemos dar às medidas de prevenção, como: higienização, vacinação e mesmo qual meio de transporte escolher em determinados momentos. Conhecimento gera saúde!

Fonte:
Grennan D. What Is a Pandemic? JAMA. 2019;321(9):910.

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