Casos de chikungunya triplicam na cidade do Rio

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Celso Rodrigues recebeu a visita de agentes da prefeitura após dois anos. Vistoria aconteceu no dia em que a reportagem esteve no local - Renan Schuindt

Rio – Os casos de chikungunya triplicaram no Rio. Dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) mostram que de janeiro até o último dia 18 de junho 18.049 pessoas foram vítimas da doença, transmitida pelo Aedes Aegypti — o mosquito também é responsável pela dengue e a zika. Nos seis primeiros meses do ano passado foram 6.335 registros. Segundo SMS, são cerca de três mil diagnósticos por mês em todo o município, sendo que a região mais afetada é a Zona Oeste.

Com o aumento dos casos, a prevenção é fundamental para o combate eficaz da doença. É o que adverte o médico Celso Granato, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia. Para ele, o primeiro passo é controlar a população do Aedes Aegypti. “Se conseguíssemos controlar a população de mosquito, não teríamos nenhuma dessas doenças. Mas não temos sido muito competentes para acabar com eles e com o aumento da temperatura. Por isso, a tendência é o aumento da doença”, frisou.

Em Inhaúma, na Zona Norte, há pelo menos um mês os moradores sofrem com o aumento dos casos de chikungunya. Na Vila Santo André, onde residem cerca de mil famílias, as reclamações são pelo longo intervalo entre as visitas de agentes de saúde nas residências. Em alguns casos, a espera pode ser de mais de dois anos, contribuindo para a proliferação da doença

É o caso de Celso Rodrigues da Silva, de 66 anos. Ainda com dificuldade para andar, devido às dores causadas pela doença, o motorista conta que fazia tempo que não recebia a visita de um agente de saúde. “A última vez foi em março de 2017. Pode ver aqui na ficha. Mas as visitas têm que ser constantes”, reclamou. Além dele, a esposa também acabou infectada. “Ela está assim há quase três semanas. Não é fácil, dói muito. Estamos nos recuperando aos poucos”, disse.

A família de José da Silva Medeiros, de 87 anos, também sofre com a chikungunya. Esposa, filha e o próprio aposentado foram acometidos pela doença Ele questiona a falta do inseticida usado no combate ao mosquito. “Não faz muito tempo que passou um rapaz da portaria avisando que era para abrirmos portas e janelas, já que o fumacê iria passar. Isso já tem mais de meses e nada aconteceu. Entraram os mosquitos”, lembrou.

Já Isilda Maria, que trabalha como diarista, diz que espera se recuperar o quanto antes, uma vez que depende das mãos para exercer a função. “A doença ataca justamente as articulações. No meu caso, as dores mais fortes são nas mãos e pernas. Como vou trabalhar assim?”, questionou.

Secretaria Municipal de Saúde realiza inspeções 

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que mais de 80% dos criadouros do Aedes aegypti são encontrados nas residências e a melhor forma de combater o mosquito e prevenir as arboviroses é evitar o nascimento, eliminando ou tratando os depósitos de água que podem se tornar criadouros. 

Em relação às visitas domiciliares realizadas pelos agentes, a SMS disse que somente este ano já foram realizadas mais de 4,1 milhões de visitas de inspeção para busca e eliminação de possíveis focos do mosquito. Em 2018, durante todo o ano, foram pouco mais de 10 milhões de inspeções.

Ainda de acordo com a SMS, desde 2017 são feitos alertas sobre a possibilidade do aumento do número de casos de chikungunya, devido ao perfil epidemiológico da população. Segundo a SMS, o crescimento ocorre justamente no período mais chuvoso e quente do ano, como já era esperado, devido à sazonalidade das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

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